“Os nossos colegas não têm água quente vai para três semanas e os reclusos também não têm água quente”, adiantou, em declarações à Lusa, o coordenador de Lisboa e ilhas do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Frederico Morais.
Segundo o sindicalista, os reclusos têm de aquecer a água em chaleiras para fazerem a higiene pessoal.
“Parece que estamos no tempo dos antepassados, em que tínhamos de aquecer a água no lume”, apontou.
Questionada pela Lusa, por escrito, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) confirmou a avaria e disse que a cadeia aguarda por uma peça para fazer a reparação das caleiras.
“A DGRSP informa que se avariou uma peça que alimenta o aquecimento da caldeira do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo. Peça essa que, após a avaria, foi imediatamente encomendada, aguardando-se a sua entrega e instalação”, adiantou fonte oficial da direção-geral.
O sindicato alega que faltam também condições de segurança no estabelecimento, inaugurado em 2019.
“Temos dois reclusos que são violentos. Há um deles que se encontra fechado numa cela 23 horas por dia, desde o mês de novembro, o que não é correto. Se é para estar fechado, teria de estar numa secção de segurança, porque não pode estar mais de 30 dias fechado numa cela de um estabelecimento prisional”, alertou Frederico Morais.
O sindicalista acusou a direção do estabelecimento prisional de “inércia”, por não fazer pressão junto da DGRSP para que o recluso em causa seja “transferido para o continente, para uma secção de segurança”.
A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais garantiu, no entanto, que “a segurança e disciplina do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo estão garantidas”.
“Todos os reclusos, cujos comportamentos incorrem em infrações disciplinares definidas na lei, são objeto dos procedimentos e sanções disciplinares legalmente previstas, estando o estabelecimento prisional dotado de celas disciplinares para o cumprimento das sanções de internamento em cela de separação e em cela disciplinar”, frisou.
Frederico Morais alertou, por outro lado, para a falta de efetivos no estabelecimento prisional de Angra do Heroísmo e para as pressões psicológicas a que os guardas prisionais estão sujeitos
“Nessa cadeia foi onde registámos, no país, o primeiro caso oficial de ‘burnout’ dos guardas prisionais”, adiantou.
A falta de efetivos não é um problema exclusivo do estabelecimento de Angra do Heroísmo, segundo o sindicalista, que aponta para a necessidade de 1.000 guardas em todo o país.
No entanto, há “um desgaste emocional” maior, devido à “pressão que a direção da cadeia tem sobre o corpo da guarda prisional”.
“Apesar de ser uma cadeia relativamente nova, a pressão psicológica que é exercida sobre os elementos do corpo da guarda prisional é enorme”, sublinhou.
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