“Poderemos assistir a uma queda de 6% das emissões carbónicas este ano por causa da redução das emissões provocadas pelos transportes e pela produção de energia”, afirmou o secretário-geral da organização, Petteri Taalas, em conferência de imprensa virtual a partir de Genebra.
No entanto, as concentrações de dióxido de carbono continuam altas na atmosfera, uma vez que aquele gás que provoca o efeito de estufa perdura durante centenas de anos, salientou.
Para se alcançar a meta de limitar o aquecimento até ao fim do século, definida no Acordo de Paris, seria precisa uma redução de pelo menos 7% das emissões anuais durante as próximas décadas.
No entanto, apesar da descida registada este ano, “para o ano as emissões poderão disparar novamente, à medida que a produção industrial procura compensar as perdas deste ano”, indicou Petteri Taalas.
A mesma “determinação e unidade” demonstrada a nível mundial no combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus precisa de nortear a luta contra as alterações climáticas, cujos impactos não vão passar no espaço de alguns anos, como poderá acontecer com a covid-19, salientou.
“A covid-19 provocou uma grave crise económica e sanitária a nível mundial. No entanto, se não se combaterem as alterações climáticas, a saúde dos humanos dos ecossistemas e das economias estará ameaçada durante séculos”, afirmou, no dia em que a OMM assinala o 50.º Dia da Terra.
Petteri Taalas defendeu que é preciso “aplanar as curvas da pandemia e das alterações climáticas”.
Os sinais do impacto das alterações climáticas estão, por exemplo, no facto de o período entre 2015 e 2019 ter sido o mais quente desde que há registos.
A temperatura média mundial, que antes da era industrial era 14,4 graus, subiu para 15,5 graus. Duas décimas deste aumento verificaram-se desde 2010, segundo os números da OMM.
De acordo com os modelos de previsão climática, nos próximos cinco anos atingir-se-á uma nova temperatura média global recorde.
Quanto aos níveis de dióxido de carbono e outros gases poluentes na atmosfera, nos cinco anos mais recentes cresceram a um ritmo 18% superior do que se verificou nos cinco anos anteriores.
Tal como acontece em relação à pandemia, os países em desenvolvimento são os mais vulneráveis às consequências das alterações climáticas, como os fenómenos meteorológicos extremos, destaca a OMM.
As chuvadas e inundações criam condições para vários tipos de surtos epidémicos, como a cólera, estimando-se que 1,3 mil milhões de pessoas estejam em risco.
Só no continente africano, 40 milhões de pessoas vivem em pontos críticos para o aparecimento de surtos de cólera.
Do ponto de vista económico, fenómenos como os ciclones tropicais provocaram as maiores perdas económicas do período 2015-2019. O pior foi o furacão Harvey, que em 2017 levou a perdas de cerca de 125 mil milhões de dólares.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 178 mil mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Mais de 583 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 762 pessoas das 21.379 registadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram entretanto a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria, Espanha ou Alemanha, a aliviar algumas das medidas.
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