Em declarações à BBC Radio 4, o secretário de Estado de Alfândega e Fronteiras, Damian Hinds, insistiu que a carta enviada quinta-feira pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ao Presidente francês, Emmanuel Macron, que causou indignação em Paris, tem um tom "extremamente colaborativo".
“Os representantes britânicos e franceses levam anos de trabalho juntos nestes assuntos importantes”, recordou Hinds.
Na sua opinião, a polémica carta - que, entre outras coisas, pedia o retorno a França de migrantes intercetados na Inglaterra - “reconhece plenamente o que o Governo francês tem feito e o facto da imigração ser um desafio comum".
“Agora, principalmente depois da horrível tragédia, devemos ir além, aprofundar a nossa parceria, expandir o que fazemos e chegar a um acordo sobre novas soluções criativas”, frisou.
Na missiva, que foi divulgada nas redes sociais, Johnson lista cinco medidas bilaterais que gostaria de ver concretizadas para "avançar mais rápido" na crise da imigração.
Entre elas, enumerou, patrulhas conjuntas para evitar que mais barcos saiam das praias francesas, uso de tecnologia e patrulhas nas águas e um acordo com a França sobre "devoluções" (de imigrantes), bem como negociações para estabelecer um pacto de devolução entre o Reino Unido e a União Europeia, inexistente após o `brexit´.
Sobre a questão de enviar patrulhas britânicas às águas da Gália, Hinds afirmou que "ninguém se propõe a violar a soberania", mas enfatiza que "mais deve ser feito" para monitorar a costa francesa.
“Não se pode simplesmente dizer que é difícil porque existem centenas de milhares de quilómetros de costa, temos que fazer o que for preciso para salvar vidas humanas”, argumentou.
O secretário de Estado não especificou quanto já foi pago às autoridades francesas dos 54 milhões de libras (64 milhões de euros) prometidos pelo Reino Unido para ajudar no trabalho de patrulhamento.
Na quarta-feira, 27 imigrantes morreram num naufrágio no Canal da Mancha, tendo sobrevivido duas pessoas que estão a ser interrogadas pelas autoridades francesas.
O Governo francês convocou, para domingo, uma reunião para discutir o assunto com a presença de representantes da Bélgica, Alemanha, Comissão Europeia e Holanda, mas cancelou o convite ao Reino Unido em resposta à missiva do Johnson.
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