“Os comentários de Macron são falsos, são totalmente falsos”, disse Priti Patel numa comissão parlamentar.
As travessias ilegais do Canal da Mancha, que separa a Europa continental da Grã-Bretanha, são um tema regular nas tensões entre Paris e Londres, tendo as autoridades britânicas por diversas vezes considerado insuficientes, apesar do pagamento de ajuda financeira, os esforços do lado francês para impedir o embarque de migrantes.
“Todo o Governo francês, tanto o ministro do Interior como o Presidente Macron, estão plenamente conscientes do trabalho muito bom que a nossa embaixadora em Paris e a sua equipa fazem”, vincou a ministra, destacando a “cooperação” necessária com França “para combater as travessias perigosas e desnecessárias, combater a migração ilegal”, mas também “o trabalho com parceiros com ideias semelhantes em toda a Europa”.
Um recorde de mais de 51.000 migrantes tentaram a travessia em 2021 de França para o Reino Unido, dos quais mais de 28.000 conseguiram, um número também inédito, lembrou Priti Patel.
Alguns, porém, não alcançaram o propósito de chegar ao território britânico e pagaram com a sua própria vida, como no final de novembro, quando o naufrágio de uma embarcação insuflável provocou 27 vítimas mortais.
Emmanuel Macron, que ainda não anunciou formalmente a candidatura à reeleição presidencial, culpou os britânicos pela tragédia, dada a recusa em estabelecer uma rota legal de imigração.
“A responsabilidade moral por aqueles que perecem no mar não recai sobre França, mas sobre essa recusa britânica em responder”, afirmou, numa entrevista ao diário regional francês La Voix du Nord.
Segundo o chefe de Estado francês, “os britânicos continuam a ter um sistema dos anos 1980 que gere a imigração económica com hipocrisia: não há via legal para a imigração e aceitam a imigração ilegal mal paga”.
Emmanuel Macron prometeu “aumentar a pressão” para que Londres articule “necessidades em termos de economia” e reabra “um caminho para pedidos legais de asilo”.
As travessias ilegais do Canal da Mancha tornaram-se uma dor de cabeça política para o Governo do primeiro-ministro conservador britânico, Boris Johnson, que fez da luta contra a imigração uma prioridade após o ‘Brexit’ (processo da saída do Reino Unido da União Europeia).
Uma proposta de lei controversa, que promete medidas mais duras contra os traficantes de migrantes, mas também contra as travessias ilegais, continua pendente no parlamento britânico.
Comentários