A pedido de Sergio Mattarella, a formalização da demissão de Matteo Renzi, primeiro-ministro de Itália, vai ter de aguardar mais uns dias e só deverá ocorrer após a aprovação do Orçamento de Estado italiano para 2017, na próxima sexta-feira.
Recorde-se que Renzi anunciou este domingo a sua demissão, na sequência da vitória do "não" no referendo à reforma constitucional, numa declaração transmitida em direto pela televisão.
"A minha experiência como chefe do governo termina aqui", declarou Renzi, precisando que apresentaria a demissão esta segunda-feira ao presidente italiano, Sergio Mattarella, após o fim do Conselho de Ministros. "O 'não' venceu de forma clara", disse Renzi. "Assumo a responsabilidade pela derrota", acrescentou.
O povo italiano foi questionado sobre "mudar ou não o sistema político" do seu país e disse "soberanamente" que não quer mudar.
O apuramento oficial dos votos no referendo celebrado no domingo em Itália confirmou a vitória do ‘não’ à reforma constitucional proposta pelo primeiro-ministro, Matteo Renzi, com 59,95% dos boletins depositados nas urnas.
A reforma do chefe do Governo foi apoiada por 40,05% dos eleitores que foram votar.
Assim, a proposta de reforma constitucional do primeiro-ministro Matteo Renzi foi chumbada pelos italianos. O objetivo da reforma constitucional era reduzir os poderes do Senado, que tem atualmente as mesmas competências da Câmara dos Deputados. Caso fosse aprovada, esta reforma excluiria o Senado do processo legislativo. Além de se transformar sobretudo num órgão consultivo, o Senado passaria a ser formado por 100 senadores, contra os atuais 315, escolhidos pelos governos regionais e locais.
Para os defensores do "sim", esta reforma iria garantir maior estabilidade governativa num país que teve 63 governos em 70 anos de democracia. Para os defensores do "não" estava em causa evitar uma excessiva concentração de poder nas mãos do chefe de Governo. Receava-se que a reforma acabasse com o delicado equilíbrio conquistado entre os vários poderes com a Constituição de 1948, elaborada depois da II Guerra Mundial e de 20 anos de ditadura de Benito Mussolini.
Quando Renzi apresentar a demissão, Mattarella ficará encarregado de negociar a constituição de um executivo de gestão ou, caso não seja possível, antecipar as eleições legislativas.
A maioria dos analistas prevê que a administração de Renzi seja substituída por um executivo de gestão dominado pelo Partido Democrático do primeiro-ministro demissionário, que ficará em funções até às próximas legislativas, previstas na primavera de 2018.
O ministro das Finanças, Carlo Padoan, é o favorito para substituir Renzi, que ocupou a chefia do governo durante dois anos e meio.
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