Mesmo antes de os conferencistas começarem a trocar ideias, já o espaço onde decorre o evento fala por si só. Isto porque a conferência se vai realizar no Museu de Arte de Hyogo, uma estrutura construída depois do terramoto que há 24 anos atingiu a cidade de Kobe e que é hoje símbolo de regeneração e testemunho da resiliência da cidade.
“Resiliência” é, de resto, a palavra-chave a reter. A começar pelo nome do encontro - Kansai Resilience Forum (Fórum da Resiliência de Kansai) -, governantes, académicos e empresários juntam-se para analisar “a resiliência a partir de perspetivas e paradigmas interdisciplinares”, tendo em conta “conceitos abstratos” e “questões concretas”, como se pode ler no programa da conferência.
“Embora focado no Japão, o evento convida a uma reflexão de comparação e contraste sobre a resiliência, enquanto traço positivo e necessário para a sobrevivência dos indivíduos e das sociedades” pelo mundo, diz o texto.
Os três painéis em que está organizado o encontro são sinal da abrangência dos temas em discussão.
Tendo em conta as vulnerabilidades geográficas e geológicas do Japão, o país tem desenvolvido programas de preparação e gestão de desastres que são reconhecidos mundialmente. O primeiro painel aborda a prevenção dos riscos, falando, por exemplo, dos avanços tecnológicos desenvolvidos pelo RIKEN - Centro de Ciências Computacionais do Japão, no sentido de prever os desastres, alertar as populações e evacuar as cidades.
Esta experiência foi sendo aperfeiçoada com a necessidade de recuperar depois de catástrofes como os grandes terramotos em Tóquio (1923), em Kobe (1995) e em Tohoku (2011).
Com um foco numa vertente mais humana, o encontro dedica-se depois à forma como a sociedade lida com os desastres de grande dimensão. Psicologia e filosofia, fragilidade e resiliência, trauma e recuperação: os conferencistas vão partilhar conhecimentos sobre a forma como as pessoas se preparam psicológica e comportamentalmente para acontecimentos que implicam perdas materiais e humanas tão profundas.
Segundo os organizadores, a capacidade que os japoneses têm de enfrentar estes momentos “não é só uma qualidade inata", podendo ser "intencionalmente cultivada através da educação”.
Por fim, a resiliência e a economia. Quando ocorre um desastre natural, as cadeias de abastecimento podem ficar interrompidas no curto-prazo, mas as soluções de longo-prazo no Japão estão garantidas, havendo um nível elevado de confiança na eficiência, pontualidade e segurança dos sistemas que mantêm a circulação de pessoas e bens pelo país.
Do programa da conferência faz ainda parte um debate em torno da preparação do Japão para o acolhimento do G20 em junho, do campeonato mundial de râguebi em setembro e dos Jogos Olímpicos do próximo ano.
A conferência é organizada pelo Governo japonês, em colaboração com o IAFOR - International Academic Forum (Fórum Académico Internacional).
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