"Já teve lugar esta manhã e o embaixador não foi capaz de nos fornecer os esclarecimentos que havíamos pedido", afirmou João Gomes Cravinho, à margem do primeiro dia de reunião dos chefes de Estado do G20, na cidade brasileira do Rio de Janeiro.

"Infelizmente a resposta do lado russo foi uma resposta perfeitamente insuficiente", frisou.

Na terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português convocou o embaixador russo em Lisboa, Mikhail Kamynin, para prestar esclarecimentos, após a morte do opositor russo Alexei Navalny, uma decisão também tomada por outras capitais europeias, como Paris, Madrid, Berlim, Estocolmo, Varsóvia, Bruxelas, Haia e Oslo.

João Gomes Cravinho foi mais longe e afirmou que “a resposta foi nula” e que o embaixador russo “considera que a grande preocupação internacional não passa de ingerência em assuntos internos”.

“Como se a morte do principal opositor de Putin fosse um assunto de importância menor”, afirmou.

Questionado sobre a omissão por parte da diplomacia brasileira em relação à morte de Navalny e das declarações do Presidente brasileiro, Lula da Silva, de que é necessário “primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu", João Gomes Cravinho disse que a função do Estado português “não é ser comentador daquilo que é dito por um ou por outro”.

Alexei Navalny, um dos principais opositores do Presidente russo, Vladimir Putin, morreu a 16 de fevereiro, aos 47 anos, numa prisão do Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos.

Os serviços penitenciários da Rússia indicaram que Navalny se sentiu mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.

O Brasil, que assumiu a presidência do G20 em 01 de dezembro de 2023, é anfitrião de uma cimeira de dois dias que a partir de hoje alberga no mesmo espaço os máximos responsáveis diplomáticos das 20 maiores economias do mundo, como o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, o chefe da diplomacia russo, Sergei Lavrov, o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e vice-presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell, responsáveis da União Africana, autoridades dos países convidados da presidência brasileira, como o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, e representantes de 12 organizações internacionais.

O dia de hoje, no Rio de Janeiro, está reservado para as discussões sobre a atual situação mundial, incluindo as guerras na Ucrânia e em Gaza.

Com a presença de Sergei Lavrov e de Josep Borrell, o tema da invasão da Ucrânia por parte da Rússia ganha uma forte dimensão no encontro.

Lula da Silva recebeu hoje Antony Blinken no Palácio do Planalto em Brasília, estando também previsto para entre hoje e quinta-feira uma reunião com Sergei Lavrov.