“A ministra da Saúde recebeu ontem [sexta-feira], dia 21, uma convocatória para estar na Assembleia da República no próximo dia 28 de junho, para ser debatido o Plano de Emergência da Saúde, o que obrigou a alterações na respetiva agenda semanal”, começa por explicar o Governo, em resposta escrita à Lusa.

O Governo disse ainda que tem estado a trabalhar em várias medidas para procurar satisfazer algumas das reivindicações feitas ao Ministério da Saúde pelos vários sindicatos.

“A significativa especificidade das carreiras e das grelhas salariais dos grupos vários grupos profissionais abrangidos pelo processo negocial em curso, tem obrigado a um trabalho de permanente colaboração com o Ministério das Finanças”, refere o Ministério liderado por Ana Paula Martins, acrescentando que “a conjugação destes dois factos, contrariamente à vontade expressa do Ministério da Saúde, impossibilitou manter as reuniões antes marcadas”.

Os líderes sindicais disseram hoje à lusa que o Ministério da Saúde adiou as reuniões negociais que estavam agendadas para a próxima semana com a Federação Nacional dos Médicos e o Sindicato Independente dos Médicos.

“Ao contrário do que estava programado e a pedido do Ministério da Saúde, a reunião negocial agendada para dia 25 {terça-feira], às 15:00, foi adiada para data a designar”, adianta a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Contactado pela agência Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Nuno Rodrigues, disse que a reunião com o SIM prevista para segunda-feira também foi adiada, mas disse que ficou agendada para 03 de julho.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, adiantou que a federação recebeu a informação do Ministério da Saúde na sexta-feira à noite a dizer que, por “motivos imprevistos e ponderosos”, a reunião agendada para terça-feira não se pode realizar

Para a dirigente sindical, o adiamento da reunião sem uma nova data marcada “não é um bom sinal”, adiantando que a FNAM vai exigir ao Ministério da Saúde que marque “uma reunião em breve” para arrancar com o processo negocial.

“Impõe-se que esta negociação aconteça quanto mais célere melhor, nem pode ser de outra maneira”, porque “senão este verão ainda vai ser pior que os outros”, uma vez que continuam a faltar médicos no Serviço Nacional de Saúde, avisou Joana Bordalo e Sá.

Além disso, referiu que os médicos estão com “uma grande expectativa nesta negociação” e, por isso, este adiamento “não vai ser visto propriamente com bons olhos”.

“As pessoas estão cansadas, estão esgotadas e precisam de um sinal de que efetivamente as coisas possam resolver ou melhorar a situação” no Serviço Nacional de Saúde.

Ressalvou, contudo, que tem “algumas esperanças” nesta negociação se for incluído no protocolo negocial as grelhas salariais e as condições de trabalho, nomeadamente a reposição das 35 horas, a reposição do internato médico na carreira e a “justa progressão na carreira”.

“Eram situações que nós queríamos ver obrigatoriamente incluídas no protocolo negocial, sendo que a questão das grelhas salariais obrigatoriamente teria que estar resolvido até ao fim de setembro, antes da aprovação do Orçamento do Estado”, disse a dirigente.