“Uma das boas respostas dos portugueses que estão a viver na Europa e que vão votar nos seus deputados – estão em causa dois deputados que representam estas comunidades todas na Europa – é em dar ali uma ensinadela a ver se as pessoas percebem que mentir e não cumprir as regras não surte efeito”, afirmou, durante uma entrevista à rádio RTV Lusa, em Londres.
Rui Rio voltou a lamentar as circunstâncias que levaram à anulação de mais de 80% dos votos dos emigrantes do círculo da Europa nas legislativas de 30 de janeiro, após protestos do PSD, por várias mesas terem validado boletins de voto por correspondência que não vinham acompanhados de cópia da identificação do eleitor, como exige a lei.
Na semana passada, o PSD formalizou uma queixa-crime contra os membros das mesas de apuramento dos círculos da emigração que “se opuseram à separação de votos” válidos e inválidos nas legislativas, considerando estarem em causa crimes eleitorais de falseamento da verdade.
“Com que intenção é que os delegados do Partido Socialista atiram com os votos que sabem que não são válidos para o meio dos outros num completo desrespeito por todos, principalmente por aqueles que cumpriram a regra”, questionou.
Rio recusou-se a apoiar uma eventual alteração legislativa que aceite o voto postal sem ser acompanhado por uma cópia do Cartão do Cidadão.
“Nós não podemos estar a favor disso porque, se o voto vai sem fotocópia do cartão de cidadão, significa que se eu arranjar um volume de 10 envelopes, ou 20 ou 30, ponho a cruz todos da mesma maneira e envio e voto por não sei quantas pessoas. Não pode ser!”, insurgiu-se.
O presidente do PSD considerou o voto eletrónico “uma boa solução”, mas insistiu que tem de envolver na mesma o uso do cartão do cidadão como identificação.
Durante a entrevista à rádio da comunidade portuguesa em Londres, Rui Rio defendeu o aumento do círculo eleitoral da Europa para três deputados, em vez de dois, “porque tem muita gente, há cada vez mais portugueses a viver fora de Portugal, propriamente dito, na Europa”.
Sobre os problemas de atendimento no consulado, onde o tempo de espera pode estender-se a vários meses, defendeu novas instalações para o Consulado Geral de Londres, “mais gente a trabalhar, mais eficácia administrativa”.
“A casinha onde está o consulado pode ser simpática e muito agradável, não é feia, mas não é funcional para os serviços que pretendem”, criticou.
O presidente do PSD, Rui Rio, encontra-se em Londres para uma visita de dois dias em campanha para as eleições legislativas, as quais vão ser repetidas no círculo da Europa.
Hoje visita o Consulado Geral de Londres, seguindo-se o contacto com cidadãos e negócios portuguesas no chamado “Little Portugal”, a área no município de Stockwell onde estão residem muitos emigrantes e estão concentrados vários estabelecimentos comerciais portugueses.
À noite, o presidente do PSD participa num jantar comício com militantes.
No domingo está prevista uma ronda por vários clubes desportivos e um encontro com conselheiros das comunidades portuguesas antes de seguir viagem para Paris na parte da tarde, onde vai protagonizar outras ações de campanha.
A maioria dos votos no estrangeiro são realizados por visa postal, tendo o Ministério dos Negócios dos Estrangeiros já iniciado o envio dos boletins, sendo considerados os votos recebidos em Portugal ate´ ao dia 23 de marc¸o.
Para aqueles que optaram pelo voto presencial, este será feito nas embaixadas e postos consulares nos dias 12 e 13 de marc¸o, entre as 08:00 e 19:00 horas locais.
Nas legislativas antecipadas de 30 de janeiro, o PS venceu com maioria absoluta, com 41,7% dos votos e 117 dos 230 deputados em território nacional, faltando apenas atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração.
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