A decisão de mudar o regime de reclusão de Ronaldinho e do ex-jogador do Sporting não era esperada até, pelo menos, dia 13 de abril, devido à paralisação do sistema judiciário paraguaio, como medida para conter a pandemia da Covid-19.
Mesmo assim, o juiz penal Gustavo Amarilla aceitou tratar da quarta tentativa da defesa em obter a prisão domiciliária para Ronaldinho Gaúcho e o seu irmão e representante, acusados de uso de passaportes e identidades falsas, além de integrarem uma rede criminosa de falsificação de documentos e de lavagem de dinheiro.
Na audiência, na qual os procuradores usavam máscaras, o tribunal foi favorável à defesa do jogador.
Os irmãos vão continuar com a prisão preventiva num hotel da cidade que os advogados Sérgio Queiróz e Adolfo Marin revelaram ser o hotel Palmaroga. Cada um ficará num quarto diferente, nos números 104 e 105.
A dupla brasileira terá vigilância policial permanente para evitar que possam deixar ilegalmente o país. Uma empresa paraguaia assinou o termo de garantia como responsável de eventuais riscos.
No hotel, os irmãos vão aguardar o curso das investigações e o julgamento.
Pelas leis paraguaias, a prisão preventiva pode durar ainda cinco meses e, se forem condenados, o ex-jogador de FC Barcelona e AC Milan e o ex-futebolista do Sporting e do Estrela da Amadora, nos anos 90 do século XX, podem levar até cinco anos de prisão.
A perícia nos telemóveis dos presos, em 06 de março, já foi concluída, mas não divulgada.
O novo regime para prisão preventiva chega depois de um mês de prisão num quartel policial de 14 hectares, o Agrupamento Especializado, condicionado como prisão de máxima segurança para receber presos especiais, acusados de corrupção, tráfico de drogas e assassínios.
Durante o primeiro mês de prisão, o ex-jogador foi o centro das atenções no quartel. Participou de torneios de futebol e pôde usar telemóvel próprio livremente para conversar com amigos e parentes.
No dia 21 de março, quando completou 40 anos, recebeu um churrasco feito pelos demais 30 presos como presente de aniversário. Ronaldinho também recebeu a visita de ex-jogadores famosos do Paraguai, até às mesmas serem proibidas, devido à pandemia do novo coronavírus.
A investigação já envolve 16 indiciados e a Procuradoria ampliou a causa, em 08 de março, a uma possível ligação com uma organização criminosa, acusada de lavar 400 milhões de dólares. Além de Ronaldinho, empresários e funcionários públicos paraguaios são investigados.
A empresária paraguaia Dalia López, considerada a chefe da suposta quadrilha, foi quem convidou e financiou a viagem de Ronaldinho ao Paraguai. López está fugitiva e tem ordem de captura internacional pela Interpol desde o dia 18 de março.
Ronaldinho e o seu irmão Roberto Assis são acusados de entrarem no Paraguai no dia 04 de março com um passaporte falso. Viajaram ao país para participarem num programa de assistência social infantil, organizado pela Fundação Fraternidade Angelical, pertencente à empresária foragida.
Ronaldinho também pretendia lançar no mercado paraguaio o seu livro ‘Génio na vida’, que conta a sua história.
Quando entraram no Paraguai, não apresentaram o passaporte brasileiro, nem o documento de identidade brasileiro, documentos aceites em toda a América do Sul. Apresentaram passaportes paraguaios adulterados, que, depois, alegaram na justiça, nunca terem solicitado.
“Ronaldinho não cometeu delito, porque ele não sabia que o passaporte que lhe entregaram era adulterado”, garante o advogado Sérgio Queiroz.
O procurador Federico Delfino revelou que havia um pedido de naturalização dos irmãos no Departamento de Migração. Os acusados disseram nunca terem solicitado tal procedimento.
No Brasil, o ex-jogador estrela é Embaixador do Turismo do governo de Jair Bolsonaro, cargo que mantém apesar da acusação no Paraguai.
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