O presidente do PSD e recandidato ao cargo defendeu ainda que a data que o Presidente da República escolher para legislativas vai revelar se se confirmam as “desconfianças” da atual direção do PSD sobre uma eventual preferência por Paulo Rangel.
“Se cumprir o que vem dizendo desde o início, as eleições serão logo no início de janeiro para termos orçamento o mais depressa possível e não desperdiçarmos fundos do PRR”, afirmou.
Se, pelo contrário, "ao arrepio do que sempre disse", as eleições forem marcadas para mais tarde, "para o fim de janeiro, para fevereiro", Rio considera que “fica evidente que o Presidente da República quis dar uma ajuda ao seu partido e, neste caso, até mais a um candidato”, referindo-se a Paulo Rangel.
“No momento em que o senhor Presidente [da República] marcar a data das eleições, vai perceber-se se tudo isso que o PSD teme é verdade ou não".
“Embora não dê ajuda nenhuma, acho que todos os portugueses devem colocar o interesse nacional em primeiro lugar”, afirmou.
Esta semana, o presidente do PSD já tinha considerado “muito estranho” que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tenha recebido em audiência Paulo Rangel, dizendo que se o encontro serviu para falar de prazos eleitorais “não é minimamente aceitável.
Na quinta-feira, Paulo Rangel defendeu que as eleições se devem realizar em 20 ou 27 de fevereiro.
Rui Rio e Paulo Rangel são, por enquanto, os dois candidatos anunciados às eleições diretas no PSD marcadas para 04 de dezembro.
Rio volta a pedir ao partido que “pondere se vale a pena ir para disputa interna”
O presidente do PSD voltou a pedir ao partido que “pondere se vale a pena ir para uma disputa interna”, e “desatar aos tiros uns aos outros” quando o PS já está em campanha para as legislativas.
“Faz-me lembrar a guerra do Solnado, em que nós pedimos: ‘Ó PS, vocês não ataquem agora porque vamos andar aos tiros uns contra os outros e depois é que começamos a guerra’”, afirmou Rui Rio, em entrevista à SIC.
Questionado sobre se vai propor, como já fez no último Conselho Nacional numa proposta que saiu derrotada, a suspensão do calendário eleitoral interno, Rio disse não querer avançar já como vai ser “a questão procedimental”.
“Eu, para já, o que estou a fazer não é propor adiamento nenhum, é que ponderem o que estão a fazer, ponderem se efetivamente vale a pena ir para uma disputa interna. Durante todo o mês de novembro e o início de dezembro quem é o meu adversário, Paulo Rangel ou António Costa?”, questionou.
À pergunta se deve ou não haver eleições diretas em 4 de dezembro, como foi marcado no último Conselho Nacional do PSD há duas semanas, Rio foi claro.
“Eu acho que não pode haver eleições internas em qualquer partido, mas o que me interessa é o principal partido da oposição, que tem de construir uma alternativa para o país, e anda a ver quem vota neste e quem vota naquele e, entretanto, o PS começou a campanha eleitoral ontem”, afirmou.
Rio admite diálogo com o PS “em nome do interesse nacional” sem Governo de Bloco Central
O presidente do PSD admitiu ainda que poderá dialogar com o PS “em nome do interesse nacional”, defendendo que o partido não pode repetir o que criticou a António Costa, mas excluindo um Governo de Bloco Central.
Rui Rio disse "estar dividido" quanto uma coligação pré-eleitoral com o CDS-PP e colocou o Chega no quadro dos partidos com que "não é possível falar", uma vez que "não se moderou”.
Questionado sobre a posição de Paulo Rangel, seu adversário nas eleições internas de 4 de janeiro para a liderança do PSD, que rejeitou qualquer entendimento com o PS, Rio avisou que daria uma resposta que desagradaria ao PSD, mas seria entendida por “muitos milhões de portugueses”.
“Se entende o Bloco Central como um Governo em que há um ministro do PS e um do PSD, isso não, não é preciso para nada, estamos todos de acordo”, começou por afirmar Rui Rio.
“Agora, se eu descarto a possibilidade de não dialogar com alguns, nem falo, eu acho isso é contra o interesse nacional. Não posso ir para eleições e tomar posse e fazer o mesmo erro que o dr. António Costa fez: o erro dele foi dizer, com o PSD nada e enquistar-se com o PCP e o BE. Se tivesse tido mais abertura, o país ganhava com isso”, defendeu.
Questionado se estaria disponível para aproximações com o PS que permitissem uma maior estabilidade, nomeadamente viabilizando Orçamentos do Estado, Rio preferiu colocar o cenário ao contrário: “A disponibilidade do PS, e do CDS (se não formos coligados”, para colaborar com o meu Governo”.
“Os partidos não devem ser assim tão radicais que inviabilizem a governação do país. Estou convencido que os portugueses me entendem quando digo que, em nome do interesse nacional, não devemos fechar as portas todas e devemos estar abertos ao diálogo”, reiterou.
Questionado se entende que o PSD e o CDS-PP devem ir coligados às legislativas, Rio disse “estar dividido” sobre o tema e admitiu ser uma questão sobre a qual teria de pensar, embora lembrando que já fez essa opção por várias vezes na sua carreira política, como na Câmara do Porto e nas recentes autárquicas.
A este propósito, Rio alertou mais uma vez para os riscos de o PSD estar num processo eleitoral interno em vésperas de legislativas, depois de Paulo Rangel já ter dito preferir que o PSD concorra sozinho.
“Eu chego a uma conclusão, a Comissão Política Nacional toma uma decisão e a seguir fazemos mesmo eleições internas e, por acaso, o Paulo Rangel ganha e depois liga para o CDS a dizer que afinal já não há [coligação]?”, questionou.
Sobre o Chega, Rio considerou que “tem dito sempre a mesma coisa” quanto a acordos com o partido liderado por André Ventura.
“Disse lá atrás: se o Chega se moderar, podemos falar, se não se moderar, não podemos falar. Moderou-se? Não, não se moderou, está no quadro de não ser possível falar”, considerou, dizendo que “agora já falta pouco” para as eleições para haver uma mudança de posição.
Já sobre a ambição anunciada de Paulo Rangel de uma maioria absoluta para o PSD, Rio disse não querer, para já evidenciar diferenças com o seu adversário dentro do partido, já que voltou a apelar ao partido para que pense se “vale a pena ir para uma disputa interna” em vésperas de legislativas.
“É evidente que o PS há de pedir a maioria absoluta e nós, em função de dados que vamos ter, podemos ir por aí. Não quero pedir o que não possa estar à vista, se o partido continuar assim, aos tiros uns anos outros, vamos pedir a maioria absoluta para quê? Até ganhar é difícil”, alertou.
[Notícia atualizada às 22:25]
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