Em entrevista à agência Lusa no âmbito das legislativas de 10 de março, Rui Rocha recusa preconceitos sobre governos minoritários e recorda que a crise política que conduziu às eleições antecipadas resultou de um executivo socialista que tinha maioria absoluta e que “não correu bem”.
Segundo o líder da IL, um governo minoritário do PSD com a participação dos liberais é um “cenário previsto, admissível e desejável”, assegurando que “não é não” e por isso mantém a recusa em integrar qualquer solução que conte com a participação do Chega.
“Estamos prontos e preparados para ir para o Governo, mas também aceitamos analisar outros tipos de cenários, um acordo de incidência parlamentar, o que for mais adequado para que essa transformação do país de que falamos possa concretizar-se”, enfatiza.
Para Rui Rocha, “se houver uma oportunidade de governo do PSD com a Iniciativa Liberal, os outros atores políticos terão que assumir as suas responsabilidades e decidir o que fazem”.
Repetindo os argumentos sobre a recusa da IL em integrar uma coligação pré-eleitoral e apresentar-se em listas próprias, Rui Rocha aponta a posição do líder do PSD, Luís Montenegro, de só governar se ganhar as eleições como um dos exemplos de que esta decisão dos liberais foi a correta.
“Essa posição, que me parece rígida no quadro atual, de dizer que se houver uma oportunidade de formar governo sem vencer eleições, o PSD recusa, nós não estaríamos alinhados. Entendemos que se não for possível formar um Governo à esquerda, que deve haver soluções, nomeadamente o tal Governo de natureza minoritário”, defende.
O presidente da IL deixa ainda críticas aos eventuais parceiros de uma coligação pós-eleitoral quanto à “indefinição que houve nos últimos dias relativamente a viabilizar ou não um governo do PS”, numa referência às declarações do líder do CDS-PP, Nuno Melo, entretanto corrigidas, reiterando que os liberais nunca viabilizarão um executivo socialista.
A presença do PPM na Aliança Democrática “não seria um entendimento confortável” para os liberais, criticando as posições “bastante duvidosas” da credibilidade deste partido com quem “não tem grande afinidade”.
A menos de dois meses das eleições de 10 de março, Rui Rocha defende a importância dos diferentes partidos serem claros “sobre o que fazem e o que não fazem” no dia seguinte às legislativas, dando como exemplo dessa falta de clarificação o novo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
“Embora dê a entender que estaria disponível para uma geringonça, ainda não assumiu claramente em público essa intenção, em que termos é que é que o faz”, condena, afirmando que à esquerda não encontra “nem situações nem soluções estáveis” envolvendo os antigos parceiros de geringonça, para além de “não as considerar obviamente desejáveis para o país”.
O deputado liberal à frente do partido há pouco mais de um ano recorda ainda que, quando em 2015 se formou a geringonça, defendeu num blog onde escrevia que, apesar de não a querer para o país, era “constitucionalmente viável”.
“Eu sei que outros na altura tiveram posições diferentes e disseram que não podia ser, que era um ataque à democracia, mas eu creio que esta visão é viável e enquadrável no quadro constitucional e é desejável para que haja soluções para que não caiamos depois numa situação de instabilidade que seria pior para o país nesta altura”, compara.
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