"[A rebelião] desafiou diretamente a autoridade de Putin. Portanto, isto levanta verdadeiras questões e revela fissuras reais" ao mais alto nível do Estado russo, disse o secretário de Estado norte-americano ao canal de televisão CBS.
Os Estados Unidos, que mantiveram intensas consultas com os seus aliados europeus nas últimas 24 horas sobre a crise na Rússia, tinham até agora recusado comentar diretamente a rebelião.
O próprio Blinken discutiu, no sábado, a situação na Rússia com seus homólogos dos países do G7, bem como com a Polónia e a Turquia.
À televisão norte-americana, Blinken declarou, entretanto, ser "muito cedo" para especular sobre o impacto da crise na Rússia ou a guerra na Ucrânia.
"Na medida que a atenção da Rússia é desviada (…), isso cria uma vantagem adicional" para a Ucrânia, enquanto decorre a contraofensiva dos ucranianos, referiu o secretário de Estado norte-americano.
"É muito cedo para saber como isto vai acabar. É um quadro em evolução", sublinhou.
Blinken afirmou que o facto de haver alguém dentro do poder na Rússia a questionar diretamente a autoridade de Putin "é algo muito poderoso."
"Tiveram de defender Moscovo contra os mercenários que eles mesmos criaram", referiu Blinken, insistindo no "fracasso estratégico" do Presidente russo na Ucrânia.
O chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, suspendeu no sábado as movimentações da rebelião na Rússia contra o comando militar, menos de 24 horas depois de ter ocupado Rostov, cidade-chave no sul do país para guerra na Ucrânia.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, qualificou, no sábado, de rebelião a ação do grupo, afirmando tratar-se de uma "ameaça mortal" ao Estado russo e uma traição, garantindo que não vai deixar acontecer uma "guerra civil".
No final do dia de sábado, em que foi notícia o avanço de forças da Wagner até cerca de 200 quilómetros de Moscovo, Prigozhin anunciou ter negociado um acordo com o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.
Antes, o chefe do grupo paramilitar acusou o Exército russo de atacar acampamentos dos seus mercenários, causando "um número muito grande de vítimas", acusações que expõem profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.
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