“Para o Cazaquistão, a Rússia sempre foi e permanece o principal parceiro estratégico”, declarou Tokayev, no decurso de um encontro com Putin no Kremlin (Presidência russa).
O líder cazaque sublinhou as “relações profundas em domínios muito diversos” entre Moscovo e Astana, precisando existirem “grandes projetos para o capital russo” no Cazaquistão – uma ex-república soviética da Ásia central rica em hidrocarbonetos – e prometendo fazer “todo o possível” para assegurar a sua presença “permanente” no país.
Esta foi a primeira visita ao exterior do Presidente cazaque, que tomou posse no sábado depois de ter sido reeleito com 81,31% dos votos para um segundo mandato.
O facto de esta vista ser efetuada na Rússia “possui um significado político e seguramente um certo simbolismo”, assegurou Kassym-Jomart Tokayev, que na terça e quarta-feira se desloca a Paris para um encontro com o Presidente Emmanuel Macron.
Por sua vez, o líder do Kremlin elogiou o “caráter especial” das relações entre a Rússia e o Cazaquistão.
Os dois governantes também se dirigiram, por videoconferência, a um fórum intergovernamental russo-cazaque que decorre em Orenburg, uma cidade nas proximidades da fronteira com o Cazaquistão.
O início da ofensiva russa na Ucrânia em fevereiro suscitou preocupações em diversas ex-repúblicas soviéticas aliadas da Rússia, incluindo o Cazaquistão.
Na semana passada, no decurso de uma cimeira da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), uma aliança fomentada pela Rússia, Tokayev apelou a “procuras coletivas comuns de uma fórmula para a paz” na Ucrânia.
“Não devemos permitir aos povos fraternos russo e ucraniano que se separem por dezenas, mesmo por centenas de anos e com rancores que não cicatrizam”, insistiu.
Em junho, Tokayev também criticou publicamente o seu homólogo russo no decurso de um fórum em São Petersburgo, onde se pronunciou contra o reconhecimento dos territórios separatistas russófonos do leste da Ucrânia.
O Cazaquistão também acolheu dezenas de milhares de russos que entraram no país vizinho para escapar à mobilização parcial decretada por Putin no final de setembro.
Em Paris, o Eliseu (Presidência francesa) confirmou hoje a deslocação de Tokayev, indicando que a visita tem “um objetivo político e estratégico” e destina-se a “consolidar” a relação e o diálogo entre Paris e Astana “num contexto também difícil para os países da Ásia central”.
Esta visita decorre menos de uma semana depois do Presidente uzbeque, Chavkat Mirzioiev, outro chefe de Estado de uma antiga república soviética da Ásia central, ter estado na capital francesa.
“Continuaremos (…) a demonstrar aos nossos parceiros da Ásia central a importância que concedemos à região que hoje se encontra situada entre a Rússia e a China, e que necessita de abrir-se a novos horizontes”, precisou hoje o Eliseu, ao recordar que a França e o Cazaquistão possuem uma parceria desde 2008.
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