Segundo constatações de jornalistas da AFP presentes no tribunal, Alexei Liptser foi condenado a cinco anos de prisão, Igor Sergunin a três anos e meio e Vadim Kobzev a cinco anos e meio.

Num comunicado, o tribunal disse que Igor Sergunin declarou-se culpado das acusações, ao contrário de Alexei Lipster e Vadim Kobzev.

Todos os três foram presos em outubro de 2023, quando o opositor do presidente russo, Vladimir Putin, ainda estava vivo.

Os advogados foram acusados de participar na organização de Navalny, o Fundo Anticorrupção (FBK), considerado extremista na Rússia desde 2021.

Especificamente, foram acusados de terem transmitido a Navalny, preso na Rússia desde janeiro de 2021 até à sua morte na prisão a 16 de fevereiro de 2024, informações suscetíveis de lhe permitirem "planear, preparar (...) e cometer crimes extremistas" desde a sua cela, de acordo com os investigadores.

As acusações podem acarretar uma pena de até seis anos de prisão, mas a procuradoria solicitou mais de cinco.

O julgamento está a acontecer desde meados de setembro num tribunal em Petushki, na região de Vladimir Putin, no leste de Moscovo, onde também está localizada uma das prisões em que Navalny esteve detido.

Após o início da primeira audiência, a 12 de setembro, as sessões foram realizadas a portas fechadas a pedido da procuradoria, apesar dos protestos dos advogados da defesa.

De acordo com um dos advogados da defesa, Roman Karpinski, a acusação foi baseada em escutas feitas durante reuniões de Navalny com os seus advogados enquanto este já estava na prisão.

Segundo este, isto constitui uma "violação do sigilo profissional" por parte da administração penitenciária, que passou essas gravações aos investigadores do caso.

A opositora exilada russa e viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, afirmou na rede X que estes advogados são "prisioneiros políticos e devem ser libertados imediatamente".

Os governos de Reino Unido, Alemanha e Países Baixos aderiram ao apelo pela libertação.

A Amnistia Internacional denunciou uma "tentativa vergonhosa de silenciar aqueles que se atreveram a defender Alexei Navalny".

Navalny, uma morte pouco clara

Navalny morreu em circunstâncias pouco claras numa prisão no Ártico. Lá, cumpria uma pena de 19 anos por liderar uma organização classificada pelas autoridades como "extremista" e que era conhecida pelas investigações sobre más práticas entre os funcionários.

Desde a sua morte, as autoridades russas aumentaram a pressão sobre pessoas próximas ao antigo opositor, prenderam jornalistas que cobriam a suas audiências judiciais e acrescentaram a sua mulher, Yulia Navalnaya, a uma lista de "terroristas e extremistas".

Alexei Navalny, um carismático ativista anticorrupção, foi preso em Moscovo em janeiro de 2021 ao regressar da Alemanha, onde foi hospitalizado após ser envenenado na Sibéria. Na altura atribuiu o envenenamento ao Kremlin, que negou.

Posteriormente, foi condenado a várias longas penas de prisão, incluindo uma de 19 anos em agosto de 2023, por "extremismo".

Navalny frequentemente comunicava nas redes sociais via mensagens enviadas aos seus advogados, onde denunciava repetidamente a ofensiva na Ucrânia e pedia aos russos que "resistissem".

Muitos dos seus antigos colaboradores, refugiados no estrangeiro, agora trabalham com a viúva, que assumiu o comando sem conseguir unir uma oposição dividida e dispersa por vários países.