O suspeito de uma presumível tentativa de assassínio do candidato presidencial republicano, Donald Trump, foi hoje indiciado por posse ilegal de arma e posse de arma com número de série apagado.
A audiência durou cerca de oito minutos e o alvo das acusações, Ryan Wesley Routh, pode ser condenado até 15 anos de prisão pela primeira acusação e até cinco anos pela segunda.
O que aconteceu no campo de golfe?
Ontem, os agentes dos serviços secretos dos Estados Unidos abriram fogo depois de terem avistado uma pessoa com uma arma de fogo perto do clube de golfe de Donald Trump em West Palm Beach, na Florida.
O incidente decorreu quando o candidato presidencial republicano estava a jogar golfe, de acordo com dois agentes da autoridade. Não foram registados feridos.
A pessoa avistada com uma arma fugiu num SUV roubado e foi mais tarde detida num condado vizinho pelas forças policiais locais. Uma arma de fogo do tipo AK foi recuperada no local, perto do campo de golfe de Trump.
O campo de golfe foi parcialmente encerrado enquanto Trump jogava e os agentes estavam alguns buracos à sua frente quando repararam na pessoa com a arma de fogo.
Segundo o The Guardian, registos de telemóvel mostram que Routh acampou perto do campo de golfe por cerca de 12 horas, com comida, antes de ser confrontado por um agente dos Serviços Secretos.
A polícia assume mesmo que estava em curso um ataque a Trump?
Sim. O FBI (polícia federal norte-americana) declarou que o ex-presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021) foi alvo “do que parece ter sido uma tentativa de assassínio” no seu clube de golfe.
De recordar que o sucedido aconteceu apenas nove semanas após ter sobrevivido a outro atentado, em que uma bala disparada durante um comício na Pensilvânia, em julho, o atingiu de raspão na orelha.
O que se sabe sobre Ryan Wesley Routh?
O suspeito foi identificado como Ryan Wesley Routh e é um cidadão americano pró-ucraniano de 58 anos.
Vários canais de televisão, incluindo CNN e CBS, informaram que Ryan Wesley Routh é um construtor autónomo de moradias do Havai, com um histórico de décadas de detenções e que fazia publicações nas redes sociais sobre política e temas da atualidade, geralmente com críticas a Trump.
Um dos temas abordados pelo detido era a guerra da Ucrânia contra a invasão russa. "Estou disposto a voar para Kharkiv e seguir para a fronteira com a Ucrânia como voluntário para lutar e morrer", escreveu na rede X em março de 2022, segundo o jornal The New York Times.
No final de abril de 2022, a AFP entrevistou Routh em Kiev durante uma manifestação de apoio aos ucranianos bloqueados na cidade portuária de Mariupol. "Putin é um terrorista e deve ser reprimido, por isso precisamos que todos parem o que estão a fazer e venham para cá agora", declarou nessa altura.
O governo do presidente americano Joe Biden é um dos principais apoios da Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. A vice-presidente e candidata democrata à presidência, Kamala Harris, afirmou que vai manter o apoio se for eleita para assumir a Casa Branca, mas Trump não explicou durante um debate na semana passada se queria que a Ucrânia vencesse a guerra.
É o segundo ataque a Trump. A segurança vai ser reforçada?
O presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que deu ordens para reforçar a proteção de Donald Trump, após o candidato republicano à presidência ter sido alvo de uma nova tentativa de assassínio.
Num comunicado divulgado no domingo, Biden disse ter pedido à sua administração para garantir que os Serviços Secretos “têm todos os recursos, capacidades e medidas de proteção necessárias para garantir a segurança contínua" de Trump.
"Um suspeito está sob custódia e elogio o trabalho do Serviço Secreto e dos seus parceiros responsáveis pela aplicação da lei pela sua vigilância e esforços para manter o ex-presidente e aqueles que o rodeiam em segurança. Estou aliviado por o ex-presidente estar ileso", acrescentou Biden.
“Como já disse muitas vezes, não há lugar para a violência política ou para qualquer tipo de violência no nosso país”, sublinhou o presidente.
Biden sublinhou ainda que há a decorrer uma investigação sobre o incidente e que as forças de segurança estão a reunir mais detalhes sobre o que aconteceu.
Também a rival democrata na corrida à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, emitiu um comunicado a condenar a violência política, dizendo estar “profundamente perturbada” com o incidente.
“Todos devemos fazer a nossa parte para garantir que este incidente não conduz a mais violência”, acrescentou a atual vice-presidente.
Como reagiu Trump ao que aconteceu?
Donald Trump disse que a “sua determinação [de voltar à Casa Branca] é ainda mais forte depois de outra tentativa de assassínio”.
Num comunicado, o candidato frisou que nunca desistirá e incentivou os seus apoiantes a votarem nele nas eleições presidenciais de 5 de novembro.
Além deste episódio, Trump foi vítima de uma tentativa de assassínio a 13 de julho, durante um comício em Butler, na Pensilvânia (nordeste), depois de um jovem de 20 anos ter disparado contra ele com uma espingarda, ferindo-o na orelha direita.
Os serviços secretos abateram o agressor, que disparou de uma posição elevada no exterior do local, onde um membro da plateia morreu devido a um ferimento de bala.
O acontecimento levou a numerosas demissões devido a falhas de segurança no evento, incluindo a da então diretora dos Serviços Secretos dos EUA, Kimberly Cheatle.
No rescaldo, os Serviços Secretos aprovaram um plano para aumentar a segurança de Trump, incluindo a utilização de ecrãs de vidro à prova de bala nos seus eventos ao ar livre.
*Com agências
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