O projeto de revisão do livro vermelho dos peixes de água doce de Portugal continental foi hoje apresentado em Lisboa, devendo estar pronto em 2021, quando também serão apresentados os livros vermelhos sobre aves, peixes e invertebrados.
E no ano seguinte deverá ser conhecido o livro vermelho dos mamíferos e o dos répteis e anfíbios.
A secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos, disse hoje na sessão da apresentação do projeto do livro vermelho que este mês é aberto um aviso para o livro vermelho dos répteis e anfíbios de Portugal continental, salientando que “conhecer as espécies permite gerir os habitats”.
O projeto hoje apresentado inclui também a criação de um sistema nacional de informação dos peixes dulciaquícolas e migradores, que terá uma ferramenta para, através de um “retrato robot”, se poder identificar peixes, explicou à Lusa o coordenador executivo do projeto, João Oliveira.
O projeto, à semelhança de outros “livros”, é financiado pelo POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos) e tem também o apoio do Fundo Ambiental.
Neste caso é promovido pela Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências, com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, e pretende rever o risco de extinção de espécies, juntando durante três anos vários investigadores, além de João Oliveira e Filomena Magalhães, professora da Faculdade de Ciências, que hoje apresentaram a iniciativa.
O livro vermelho é a atualização de um que há foi feito há 15 anos, mas o livro vermelho dos invertebrados nunca foi elaborado, como nunca tinha sido feito até agora o livro vermelho da flora vascular, basicamente toda a flora menos os musgos.
Ana Francisco, coordenadora executiva do livro sobre a flora, disse à Lusa que existem cerca de 3.000 espécies em Portugal e que a análise envolveu 630 espécies, concluindo-se que três já foram extintas e há mais 380 espécies ameaçadas.
“Foi uma surpresa. O cenário é preocupante”, disse a responsável à Lusa, explicando que os resultados finais são apresentados a 21 de maio numa conferência na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
Ana Francisco deu como exemplo de preocupação plantas que estão a ser destruídas e ameaçadas pela agricultura intensiva, o que acontece nomeadamente no Alentejo, explicou que as espécies extintas são sobretudo ligadas ao meio aquático, e disse que a Costa Vicentina é também muito vulnerável, devido a pomares e estufas e plantas exóticas invasoras, como a acácia ou o chorão.
Carla Rego, investigadora e coordenadora do projeto do livro vermelho dos invertebrados, disse à Lusa que o trabalho está a “começar do zero” e que é preciso primeiro saber quantas espécies existem, sendo que só insetos serão 4.000 espécies.
Os peixes de água doce são apenas algumas dezenas. Neste caso, como nos outros, primeiro é feita a análise e contabilização e só no final se faz a classificação das espécies em função da probabilidade de extinção.
Em 2005, na última edição do livro dos vertebrados os peixes estavam nas espécies mais ameaçadas, disse Filomena Magalhães, afirmando que passados 15 anos “as 35 espécies descritas não espelham a diversidade”.
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