O socialista Salvador Illa, que tomou posse no sábado passado, fez hoje a sua primeira visita oficial desde que está no cargo à sede dos Mossos d’Esquadra, que estão a ser questionados pela atuação em relação a Puigdemont, que é alvo de um mandado de detenção em Espanha.

Numa declaração no final da visita, Salvador Illa, que é o primeiro presidente do governo regional em 14 anos que não é independentista, disse que a Catalunha iniciou uma “nova etapa” e “é necessário que os homens e mulheres que fazem parte dos Mossos d’Esquadra possam fazer o seu trabalho afastados da confrontação política”.

Illa comprometeu-se “a garantir as condições para isso seja possível” e acrescentou que o ponto de partida é “gerar confiança”.

“Uma confiança que tem de ser recíproca. Do governo [regional] nos Mossos – que hoje com esta visita quisemos deixar patente – e dos Mossos no governo”, disse o novo presidente da Generalitat (o executivo regional, que tem a tutela da polícia autonómica).

Salvador Illa reiterou que pretende unir a Catalunha, após mais de uma década marcada pelo independentismo, e sublinhou que quer um “corpo de Mossos para todos”.

A polícia regional é “um dos serviços públicos do país [a Catalunha] e um dos que tem mais importância”, sublinhou, destacando que os Mossos “são parte essencial do autogoverno e protegem direitos fundamentais”.

“Temos uma boa polícia, mas é preciso deixar claro também que as coisas podem fazer-se melhor”, acrescentou Salvador Illa, que anunciou um aumento do corpo de segurança autonómico para os 22 mil agentes em 2030 e ressalvou que pode vir a tomar mais decisões em relação aos Mossos, depois de “ouvir as inquietudes” dos próprios polícias, como começou a fazer hoje.

O Tribunal Supremo espanhol pediu na sexta-feira à polícia catalã e ao Ministério da Administração Interna de Espanha informações sobre a operação para deter Carles Puigdemont na quinta-feira passada em Barcelona e “os elementos que determinaram o seu fracasso do ponto de vista técnico-policial”.

O ministério, que tutela a Polícia Nacional e a Guarda Civil, respondeu na terça-feira ao Tribunal Supremo e revelou que, apesar da disponibilização de ajuda, a polícia da Catalunha recusou o apoio das forças de segurança do Estado para deter o separatista.

O ministério lembrou ainda que os Mossos têm competências e capacidades operacionais “como polícia integral” na Catalunha.

Quanto ao controlo das fronteiras espanholas na Catalunha (terrestres, portos e aeroportos), que são competência da Polícia Nacional e da Guarda Civil (força semelhante à Guarda Nacional Republicana em Portugal), o ministério garantiu que houve reforço de vigilância desde os dias anteriores à anunciada ida de Puigdemont a Barcelona, na quinta-feira.

No entanto, e apesar de ter sido mantido um reforço de vigilância até às 00:00 de domingo, as forças de segurança espanholas não detetaram Puigdemont.

Puigdemont assegurou entretanto que já está de regresso à Bélgica, onde vive desde 2017 para fugir à justiça espanhola depois de ter protagonizado a declaração unilateral de independência da Catalunha daquele ano.

A polícia da Catalunha garantiu, num comunicado divulgado na semana passada, que tentou deter o dirigente independentista nas ruas de Barcelona mas não conseguiu porque a prioridade foi evitar distúrbios, sublinhando que o político esteve sempre rodeado por milhares de pessoas e autoridades.

Os Mossos detiveram três elementos da polícia catalã por suspeita de terem ajudado Puigdemont a escapar à detenção em Barcelona na semana passada.