Menos de vinte e quatro horas depois de ter conquistado o Eurovisão, Salvador Sobral disse esperar também que, agora, "lá fora se fique a perceber que a música portuguesa é muito mais do aquilo que tem chegado". A revelação foi feita em conferência de imprensa aos jornalistas, no Aeroporto Humberto Delgado, acompanhado pela irmã, Luísa.
Disse ainda que continua a não se sentir como "um herói" e que espera que através desta vitória, com a próxima edição a ser organizada por Portugal, o país beneficie do turismo e dos benefícios que possam advir da sua organização. Mesmo sabendo que, "e peço desculpa à RTP por isso, vá custar algum dinheiro. Mas penso que será algo que será recompensado e relevante para a cultura".
Veja as imagens da receção a Salvador e Luísa no Aeroporto de Lisboa
Quando questionado se tem noção do seu futuro, diz saber que agora no início tudo poderá algo pujante e durante um período de loucura, mas sabe "que estas coisas são efémeras e daqui a dois ou três meses já ninguém se lembra. E ainda bem, porque aquilo que eu tenho de continuar a fazer é a minha música".
Confidenciou também que quer "ser feliz a tocar" e que considera ser um bocado "stressante" para ele que as pessoas com as suas "armas tecnológicas" tirem fotografias quando "estamos a comer ou até a dormir".
Quanto à canção, considera que juntamente com a irmã, sempre foi sua intenção fazê-la em "português". Mas, mais importante que o idioma em que foi interpretada, considera ter sido a "música".
"Podia estar ali a dizer que 'a Europa não serve para nada, queremos sair' que eles não percebiam nenhuma palavra".
Luísa Sobral afirma que para ela ir a um festival a representar o país, fazia mais "sentido cantar em português". Não que estas coisas tenham "que ser tão lineares", mas porque, pessoalmente, lhe pareceu ser aquilo "que fazia sentido".
Até porque o mais importante é que "as pessoas sintam aquilo que nós estamos a dizer. Ninguém percebeu nada do que ele [apontando para o irmão Salvador] estava a dizer e gostaram".
Terminada a conferência de imprensa, os irmãos Sobral foram recebidos por centenas de fãs que os esperavam há várias horas, no aeroporto. Em declarações à SIC Notícias, várias pessoas expressaram a vontade de "agradecer" a Salvador, pois sentem-se gratos pela "vitória" e revelaram sentir um imenso "orgulho" do cantor.
Perante o momento apoteótico, alguns estrangeiros tentavam perceber o que se passava. "É o Salvador, vem aí. O nosso Salvador ganhou a Eurovisão", prontamente alguém explicou a um casal alemão. Gritava-se também Portugal. Bandeiras e cachecóis no ar. Um "olé" não faltou.
A loucura foi total assim que os irmãos Sobral desceram as escadas rolantes, perante uma multidão que os aguardava. Gritos, choro e a polícia impaciente. Há quem lhes tenha oferecido flores. Todos queriam chegar mais de perto do Salvador e da Luísa.
No Spotify, a nível mundial, "Amar pelos dois" ocupa a quinta posição das faixas mais vendidas e o lugar corrobora a popularidade que se verificou durante o festival.
A canção, com letra e música de Luísa Sobral, irmã de Salvador Sobral, obteve 758 pontos na votação combinada dos júris nacionais e do público, na final do festival disputada em Kiev.
Com este tema, "Amar pelos dois", Portugal regressou à Eurovisão, após um ano de ausência, onde se estreou em 1964. Até à data, a melhor classificação portuguesa no concurso tinha sido um sexto lugar em 1996, com a canção “O meu coração não tem cor”, interpretada por Lúcia Moniz. Já a última vez que Portugal competiu numa final do Festival Eurovisão da Canção foi em 2010.
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