“Esse combate [contra a extrema-direita] é muito importante, deve mobilizar todas as forças democráticas e institucionais e as várias forças de esquerda têm uma responsabilidade adicional”, defendeu o também dirigente do PS, a discursar no Fórum Socialismo, a decorrer em Braga e organizado pelo Bloco de Esquerda (BE).
Para Santos Silva, a “responsabilidade adicional” das forças de esquerda advém do posicionamento da Direita, dando como exemplos os casos de Itália ou da Suécia: “Uma das razões mais poderosas para a ascensão da extrema-direita é a complacência e, muitas vezes, a cumplicidade de forças de Direita com essa extrema-direita”.
“Se nós olharmos para a Itália, Finlândia, Suécia, só para falar de países na União Europeia, verificamos que há hoje vários governos da Direita que dependem do apoio da extrema-direita ou são liderados pela extrema-direita”, apontou.
Segundo o agora professor universitário, a extrema-direita não pode ser balizada apenas entre um conjunto de características que lhe são apontadas, alertando que isso representa riscos.
“É preciso muito cuidado porque a extrema-direita é muito camaleónica e multiforme. Quem acantone a extrema-direita num certo número de características, como o conservadorismo moral, conceções fascistas, entre outras, corre o risco de não perceber que uma das coisas que caracteriza esta extrema-direita é ser camaleão. Num momento pode dizer que é a favor de Putin, noutro que é contra”, advertiu.
Questionado à margem sobre a exigência do Chega da realização de um referendo à imigração como condição para viabilizar o Orçamento do Estado para 2025, Santos Silva desvalorizou aquela proposta: “A proposta de referendo apresentada pelo grupo parlamentar do Chega, não tem nenhuma espécie de cabimento e é mais uma jogada populista das muitas que caracteriza esse partido”.
Quanto às reuniões entre oposição e Governo para negociar o Orçamento do Estado, Augusto Santos Silva optou por não comentar, referindo que se deve “esperar por essas reuniões e depois ver qual a proposta que o Governo apresenta no dia 10 de outubro na Assembleia da República”.
Num discurso marcado por vários alertas, Santos Silva salientou ainda a necessidade de defender a Democracia, lembrando que a Democracia “não é um regime que esteja garantido pela eternidade, tem que ser defendido”.
O ex-deputado referiu ainda “os dois principais traços mais comuns e perigosos” das forças de extrema-direita, apontando a “aposta no caos” e o ataque às instituições: “A ideia de que o programa é mesmo deitar isto abaixo, isto é a Democracia não apenas como regime, mas como maneira que temos de viver em conjunto de forma diferente, numa comunidade organizada segundo certas regras”.
“O combate à extrema-direita é um combate cívico, é um combate político necessariamente e é um combate da cidadania, quem não quer viver num país mergulhado no caos, quem quer defender as instituições democráticas, quem quer que todos que vivam num país, independentemente da sua orientações, da sua origem étnica, da sua condição etária, do seu grupo profissional, da sua orientação política, que possam viver num país em liberdade e em paz, tem que combater a extrema-direita”, finalizou.
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