"É a primeira descoberta em Asasif de arqueólogos, conservadores e trabalhadores" exclusivamente egípcios, declarou o líder da equipa, Mustafa Waziri, numa conferência de imprensa em Luxor.
Asasif é uma necrópole antiga situada na margem oeste do Nilo, sendo que os sarcófagos foram descobertos na semana passada. As 30 peças de madeira pintada, que serviram de túmulo para homens, mulheres e crianças, foram encontradas a um metro de profundidade, empilhadas em duas linhas. Pertenciam a uma importante família de sacerdotes.
Algumas fotos foram divulgadas antes do anúncio oficial, que ocorreu hoje diante do templo de Hatexepsute, rainha-faraó do Antigo Egito.
Waziri destacou que as escavações feitas por investigadores ocidentais no século XIX se concentraram nas tumbas dos reis, enquanto os trabalhos recentes dos egípcios revelaram um "depósito de sacerdotes". Os 30 objetos encontrados podem datar de cerca de 3.000 anos, no século X a.C.
Sobre um fundo amarelo é possível distinguir marcas vermelhas e verdes e alguns traços pretos. Hieróglifos, várias divindades egípcias, pássaros, cobras e flores de lótus decoram a madeira.
"Demos apenas alguns retoques de primeira necessidade nos caixões, que estão em muito bom estado", declarou Salah Abdel-Galial, um restaurador local do ministério de Antiguidades, ao exibir uma das peças.
Segundo o ministro das Antiguidades, Khaled Al Enany, também presente na cerimónia, este é "o primeiro grande conjunto de sarcófagos a ser encontrado desde o final do século XIX"
O ministro informou que a importante coleção encontrada em Asasif será transferida em 2020 para o novo Grande Museu Egípcio, depois serem restaurados os caixões.
Enany comentou também que descobertas deste tipo, muito importantes, tornaram-se mais difíceis de realizar após a revolta popular de 2011 que expulsou Hosni Mubarak do poder .
Há vários anos que as autoridades egípcias anunciam com frequência descobertas arqueológicos, com o objetivo de estimular o turismo, prejudicado pela instabilidade política e os atentados que têm ocorrido no país desde a revolução de 2011.
Mas várias autoridades, incluindo o presidente Abdel Fatah Al Sisi, repetiram nas últimas semanas que a estabilidade retornou ao país, após os protestos registados em meados de setembro que, apesar do número limitado de simpatizantes, foram duramente reprimidos.
"Algumas pessoas, não queremos citar nomes, não querem que consigamos fazer estas descobertas [...] que impressionam o mundo", declarou Al Enany, em referência aos críticos do governo do Egito, acrescentando que "estas descobertas são de um valor incalculável para a reputação do Egito".
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