O Ministério da Igualdade de Género e Família sul coreano divulgou, na semana passada, um conjunto de diretrizes que alertava para uma uniformidade na aparência dos grupos K-Pop. Aos olhos do governo este era um problema "sério", uma vez que poderia levar os espetadores, que vêm estes artistas como ídolos, a desenvolver padrões de beleza não saudáveis.
As linhas orientadores do documento alertavam para a "figura magra, clara, com penteados e maquilhagem similares e roupas que expõem os corpos" dos artistas deste sub género musical que não só tem grande expressão no país, como tem ganho popularidade internacionalmente, somando milhares de fãs, a maioria em idade jovem.
Entre os artistas de K-Pop mais conhecidos, destacam-se o grupo masculino BTS, que recentemente anunciou uma tour mundial de estádios com apenas oito datas, e o grupo feminino Blackpink.
De acordo com o The Guardian, os parágrafos que causaram mais reações críticas aconselhavam a restringir o número de cantores de K-Pop nos programas de televisão com receio de que as aparências similares pudessem promover padrões de beleza "irreais e restritos".
A publicação britânica cita a imprensa nacional sul coreana e escreve que foi apresentada uma petição que denunciava que as diretrizes estavam a "seguir o caminho do [ditador] Chun Doo-hwan com a censura da aparência". Também a oposição ao governo vigente recorreu às comparações com o ditador, que governou a Coreia do Sul entre 1980 e 1988. “Como é que isto é diferente da ditadura militar, que controlava o penteado masculino e o comprimento das saias das mulheres? O governo deveria deixar o público decidir o que gosta ou não", escreveu Ha Tae-keun numa publicação no Facebook citada pela CNN.
O ministério anunciou que iria retirar estas diretrizes e defendeu-se, esta terça-feira, das acusações. O órgão que tutela matérias como Igualdade e Igualdade de Género alegou que não tinha a intenção nem a autoridade para controlar a produção de televisão e que simplesmente tentou “impedir que os media, que tem grande influência na vida quotidiana das pessoas, prejudiquem os direitos humanos ou fomentem a discriminação de maneira não intencional”.
No Twitter o ministério acrescentou ainda que "não tem intenção de regular a produção de radiodifusão". "Interpretar essas propostas como censura... é uma distorção do propósito do guia", lê-se ainda na publicação.
Durante muitos anos as jovens sul-coreanas enfrentaram enormes pressões sociais com a imagem, sendo o país famoso pela sua indústria da cirurgia plástica.
Em 2018, um grupo de mulheres sul-coreanas começou, nas redes sociais, um momento — "Escape the Corset" — de rebelião contra os padrões e normas de beleza exigentes. Motivadas por este movimento, dezenas de mulheres, "resilientes à beleza", partilharem selfies de cara lavada e vídeos a destruir a sua maquilhagem.
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