“A taxa de hospitalização por bronquiolite aguda cresceu 1,6% por ano nas crianças com menos de dois anos, tendo a subida sido mais acentuada nos bebés com menos de três meses, atingindo os 3,8%”, refere a investigação.
Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) analisaram os registos de internamento das crianças menores de dois anos, tendo a informação sido recolhida em todos os hospitais públicos de Portugal continental, entre 2000 e 2015.
No total, foram registadas 80.491 admissões por bronquiolite aguda, neste período, numa média de 5 .000 internamentos anuais. Os rapazes foram internados com maior frequência (59,7%) do que as raparigas (40,3%).
Segundo o estudo, os custos diretos totais referentes a esta patologia ascenderam a 72,4 milhões de euros, numa média anual de quatro milhões. Cada hospitalização custou, em média, 900 euros.
Os resultados apontam que cerca de 20% das admissões hospitalares de crianças com menos de dois anos têm como motivo uma bronquiolite aguda, “um resultado que evidencia a importância desta doença na população pediátrica”, explica o médico e investigador do CINTESIS Manuel Gonçalves-Pinho, num comunicado hoje divulgado.
O norte e o centro são as regiões do país onde se registam as taxas de hospitalização mais elevadas – 26 e 27 internamentos por 1.000 crianças menores de dois anos, respetivamente, enquanto nas zonas sul são bastante mais baixas (22/1.000 em Lisboa e no Alentejo, e 19/1.000 no Algarve).
Além do estatuto socioeconómico, as variações de temperatura podem explicar a discrepância entre as taxas de internamento por bronquiolite aguda registadas em diferentes latitudes, refere o estudo publicado na revista científica Pulmonology.
“São as regiões mais a norte que registam uma maior percentagem de casos. Isto pode estar associado a questões climatéricas, que ditam que essas regiões vivam invernos mais severos, com quedas mais abruptas de temperatura”, afirma Alexandre Silva, primeiro autor do trabalho.
O vírus sincicial respiratório, um dos principais causadores de doenças respiratórias nas crianças, foi identificado como sendo a causa de 40% dos casos analisados.
No entanto, os investigadores, também docentes da Faculdade de Medicina do Porto, assumem que esta percentagem poderá ser maior, uma vez que nem todas as crianças são submetidas a testes para identificação do vírus que está na origem da sua doença.
Contudo, os investigadores registaram, em anos recentes, uma melhoria na forma como a bronquiolite é tratada.
“Observámos uma diminuição do número de raios-X realizados, dos antibióticos prescritos e de injeções de corticoides administradas, de acordo com as recomendações nacionais implementadas pela Direção-Geral de Saúde”, explicam.
Contudo, existe ainda “uma prescrição excessiva de exames de diagnóstico e de tratamentos considerados ineficazes”, pelo que defendem que se devem procurar implementar políticas de saúde mais eficientes, que promovam a melhoria dos cuidados prestados e a redução das despesas.
Os sintomas iniciais de bronquiolite são corrimento, obstrução nasal e tosse seca, de agravamento progressivo. A respiração pode tornar-se ruidosa e sibilante (pieira) e alguns bebés desenvolvem esforço respiratório.
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