A seca moderada que afeta o país “é preocupante”, disse hoje à Lusa o diretor-geral de Agricultura, Rogério Ferreira, assegurando que a DGADR está “a acompanhar atentamente a situação e a monitorizar os aproveitamentos hidroagrícolas” sob tutela direta deste organismo e “a acionar os planos de contingência”.
Rogério Ferreira apontou como “pontos mais críticos” e sob “maior pressão” as zonas de Odemira, no Alentejo Litoral, e do Algarve, onde vai ser acionado o plano de contingência para atender “à tendência do aumento do consumo deste bem essencial [a água]” nas atividades afetas à agricultura.
O diretor-geral garantiu ainda que a DGADR está “a fazer os investimentos fundamentais" ao nível do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “para a melhoria das infraestruturas existentes e que permitem melhorar a eficiência” no consumo de água.
“Há uma parte significativa do investimento para fazer utilização das águas residuais”, sublinhou, revelando que estão a ser feitos esforços “não apenas ao nível da água existente à superfície ou subterrânea”.
Apesar da descida do nível de água nas barragens nacionais, Rogério Ferreira ressalvou não haver atualmente “uma situação de alarme” e que o nível de água acumulado assegura as necessidades “para consumo humano”, o que tem sempre “a primazia”.
O diretor-geral acredita que “efetivamente o tempo ainda vai fazer o seu caminho”, mas, se não ocorrer queda de precipitação nas próximas semanas, estão a ser “articulados com todas as concessões os planos de contingência que têm de ser colocados no terreno”, para “quando começar a campanha todos saberem qual é a quantidade de água que se pode utilizar” nas culturas de primavera e verão.
Rogério Ferreira falava em Óbidos, à margem da assinatura do contrato de empreitada de fornecimento e montagem de contadores individuais nas bocas de rega do aproveitamento hidroagrícola das baixas de Óbidos e Amoreira, orçada em mais de 500 mil euros.
A seca e o baixo nível de armazenamento de água nas barragens portuguesas preocupam as organizações de agricultores que alertam para o perigo de, se não chover até fevereiro, ficarem em risco culturas de Norte a Sul do país.
Alentejo, Algarve e Nordeste Transmontano são, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), as regiões mais afetadas pela situação de seca moderada que o país atravessa e “se, entre o final de janeiro e fevereiro, não houver precipitação, poderá agravar-se imenso", segundo a climatologista Vanda Cabrinha, em declarações à Lusa na semana passada.
A falta de chuva levou várias organizações de produtores a alertar para os riscos ao nível das pastagens para animais e de culturas como frutas e hortícolas que poderão vir a escassear a médio prazo.
Comentários