“Este está a ser um ano muito seco, mas nós já tivemos outros anos secos no passado”, respondeu o presidente executivo da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, aos analistas, durante a ‘conference call’ sobre os resultados de 2021, divulgados na quinta-feira, dando como exemplo os anos de 2012 e 2005, em que também choveu pouco.
A EDP divulgou, na quinta-feira, os resultados de 2021, reportando lucros atribuíveis aos acionistas de 657 milhões de euros, uma redução de 18% em termos homólogos, e referindo que o seu desempenho “foi penalizado pela subida dos preços de energia nos mercados grossistas internacionais, e recursos hídricos abaixo da média na Península Ibérica”.
Na ‘conference call’ de hoje, grande parte dos analistas questionou os gestores da EDP sobre os efeitos da seca na atividade do grupo, cujo parque eletroprodutor em Portugal conta com 59 centrais hidroelétricas.
O líder da elétrica disse não prever qualquer alteração estrutural ao plano estratégico até 2025, com base nas condições hídricas.
Stilwell d’Andrade explicou também que a EDP vai compensar, “tanto quanto possível”, a redução da produção hidroelétrica, com a produção térmica.
Conforme esclareceu o diretor financeiro, Rui Teixeira, é expectável “alguma mitigação pela produção térmica ao longo do ano”, porém, não no primeiro trimestre.
“Estamos a atravessar alguns meses difíceis, em termos de produção hídrica, mas não tenho qualquer dúvida de que vamos ultrapassá-los”, concluiu Stilwell d’Andrade.
Na conferência de imprensa sobre os resultados de 2021, na quinta-feira, o presidente executivo da EDP disse que a empresa tem feito uma “gestão responsável” das barragens, operando dentro dos parâmetros normais e considerou que a seca “é um problema de todos”, não tendo havido exagero nas restrições do Governo.
“Nós temos feito uma gestão responsável [das barragens], articulada com todas as autoridades e dentro daquilo que são as quotas normais de funcionamento das centrais”, afirmou Miguel Stilwell d’Andrade, em conferência de imprensa sobre os resultados de 2021.
Para o responsável da elétrica, que tem a concessão de várias barragens em Portugal, a seca que o país atravessa “é um problema de todos”, pelo que a empresa permanece atenta aos níveis das albufeiras, assegurando os usos prioritários da água.
O Governo restringiu, no início de fevereiro, o uso de várias barragens para produção de eletricidade e para rega agrícola devido à seca em Portugal continental.
Para já, há quatro barragens cuja água só será usada para produzir eletricidade cerca de duas horas por semana, garantindo “valores mínimos para a manutenção do sistema: Alto Lindoso e Touvedo, no distrito de Viana do Castelo, Cabril (Castelo Branco) e Castelo de Bode (Santarém).
Questionado pelos jornalistas, o presidente executivo da EDP disse não pensar que tenha havido exagero por parte do Governo nas medidas adotadas.
“Nós estamos aqui para fazer parte da solução, isso para nós é claríssimo”, garantiu Stilwell d’Andrade, esclarecendo que a operação nas barragens está dentro das quotas previstas nos contratos de concessão e que todo o processo tem sido articulado com as várias autoridades competentes.
“Somos bons cidadãos, estamos aqui do lado da solução”, frisou Stilwell d’Andrade.
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