Ibrahima, natural da Guiné-Conacri, foi acolhido em Portugal pelo Serviço Jesuíta de Apoio ao Refugiado (JRS) em novembro de 2021, depois de ter estado num campo de refugiados em Itália.

Contudo, depois de algumas questões de saúde, com passagem pelo Hospital de Santa Maria, onde chegou a estar internado, acabaria por morrer a 23 de julho, devido a doença oncológica — foi-lhe diagnosticada uma massa no fígado —, oito meses depois de chegar a Portugal.

A 12 de agosto, o Público noticiava que o JRS tinha apresentado queixa por negligência médica no tratamento ao refugiado ao Hospital de Santa Maria, à Entidade Reguladora da Saúde (ERS), à Ordem dos Médicos (OM) e à Comissão pela Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICRD).

Segundo a queixa, Ibrahima tinha sido vítima de um "tratamento degradante, cruel e discriminatório", "com indícios de prática de crimes de negligência médica" e "violação grosseira de deveres de cuidado".

Em causa estariam várias idas ao hospital, elevados tempos de espera, falhas com o serviço de Gastroenterologia e situações de alta que o SRJ considerou desadequadas. Além disso, queixam-se de ter sabido da morte do refugiado ao fim de dois digas e alegam que o corpo não foi colocado numa câmara frigorífica após 48h.

Na altura, o Hospital desmentiu "liminarmente qualquer acusação de discriminação com base no estado de saúde ou proveniência deste ou de qualquer doente".

Agora, o jornal noticia que o Ministério Público está a investigar o caso do refugiado. Segundo o Público, a Procuradoria-Geral da República confirmou que foi aberto um inquérito pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa (DIAP).

Por sua vez, o Hospital de Santa Maria referiu que, caso a investigação se confirme, "respeita os trâmites processuais e o segredo de justiça, aguardando serenamente a sua conclusão". O Hospital referiu ainda que "decorre também um inquérito interno".