Em causa está a seguradora privada de saúde Medicare e o laboratório privado de análises Germano de Sousa - Centro de Medicina Laboratorial, do antigo bastonário da Ordem dos Médicos, tendo a campanha como mote "Faça análise de prevenção - Grátis".
Numa carta dirigida à diretora geral de saúde, à qual a Lusa teve acesso, o Sindicato dos Médicos do Norte (SMN) diz que tem vindo "a ser alertado por diversos associados, em especial de Medicina Familiar", para o teor de uma campanha que consideram que "não se enquadra num qualquer programa de rastreio delineado pela Direção-Geral de Saúde, visando apenas fins promocionais dos operadores privados envolvidos".
Os rastreios visam a realização de análises à glicose, colesterol, creatinina e hemograma.
Na carta lê-se: "Enquanto profissionais de saúde, sabemos que um qualquer exame complementar requer ser interpretado e contextualizado, exigindo uma avaliação posterior em consulta médica que, inevitavelmente, vai sobrecarregar os serviços públicos de saúde".
O SMN considera que "no marketing não vale tudo, muito menos quando se trata de questões de saúde".
"Vimos alertar e exigir medidas aos organismos responsáveis nesta área, em especial à Direção-Geral, para pôr fim a uma campanha que, a pretexto do interesse público, mais não visa que favorecer interesses comerciais dos promotores privados", acrescenta a carta.
A agência Lusa contactou as entidades visadas, tendo fonte da Medicare referido que "esta campanha a que se refere, em parceria com um dos maiores laboratórios do país, visa precisamente disponibilizar sem custos e permitir o acesso a cuidados de saúde a nível nacional a generalidade da população".
A seguradora diz não entender as críticas do sindicato e diz estranhar "a falta de contacto e diálogo por parte dos diversos operadores da saúde em Portugal".
"Da nossa parte, estamos sempre disponíveis para prestar quaisquer esclarecimentos e colaborar", referiu a Medicare em resposta escrita.
Já via telefone, o diretor clínico do grupo Germano de Sousa começou por remeter a responsabilidade da campanha para a seguradora mencionada na carta do SMN, tendo explicado que o laboratório "tem um contrato com a Medicare, mas não idealizou a campanha".
Mas face às críticas do sindicato, o antigo bastonário da ordem dos Médicos Germano de Sousa apontou: "Não percebo onde está o mal [da campanha]. Só estamos a fazer o que infelizmente não é feito pelo serviço público. Não estamos a inventar resultados, não fazemos nada de errado e as pessoas têm oportunidade de, após a realização de exames e caso o entendam, contactar os seus médicos", disse.
A agência Lusa tentou ouvir a Direção-Geral de Saúde, mas até ao momento tal não foi possível.
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