Em comunicado, a estrutura sindical refere que “acompanha com atenção as notícias das movimentações em torno do Global Media Group [GMG]”, sublinhando tratar-se de “um processo negocial que suscita inquietações, mormente no caso da TSF, uma rádio privada de informação a nível nacional que parece presa num limbo negocial, enquanto se vão clarificando as posições de outros títulos do grupo”.
O SJ salienta que as entrevistas do empresário Diogo Freitas, administrador da Office Total Food Brands, “empresa que dá a cara por um consórcio de empresários que fez uma proposta de compra de 70%” da GMG “e o silêncio dos ainda administradores do grupo não tranquilizam o Sindicato dos Jornalistas”.
Em 06 de fevereiro foi assinado um princípio de acordo para comprar o Jornal de Notícias (JN), O Jogo, JN História, Notícias Magazine, Evasões e Volta do Mundo, assim como a maioria do capital da Sociedade Notícias Direct, bem como a TSF.
“Acredito que passados todos os procedimentos burocráticos consigamos fechar o negócio em março. Está dependente da saída do fundo (ou da sua autorização), da Autoridade da Concorrência e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) no caso da TSF”, disse Diogo Freitas, em entrevista hoje publicada no Expresso.
“Já estamos a trabalhar em conjunto para que a passagem seja célere e bem feita”, acrescentou, sem confirmar o valor da operação, salientado apenas que “foi mais do que oito milhões” de euros.
Para o SJ, “não é totalmente claro o que acontece ao Diário de Notícias, ao Açoriano Oriental – os dois títulos mais antigos do grupo – e a outras publicações do GMG, sendo concretizado este negócio”, mas “depreende-se, e para jornalistas isto não é suficiente, que ficarão na atual empresa”.
No entanto, são “necessários factos é preciso que Marco Galinha, Kevin Ho e José Pedro Soeiro digam claramente o que vão fazer com estes títulos, em que condições, e providenciem garantias de que os projetos editoriais são para continuar e para reforçar — acreditamos que havendo negócio, o GMG poderá dispor da estabilidade financeira para alavancar o futuro dos títulos”.
Os acionistas da Global Media têm uma assembleia-geral extraordinária convocada para a próxima segunda-feira.
“O caso da TSF parece ainda mais preocupante”, já que “aparentemente perdida num limbo negocial, tanto pode ser incluída no negócio com o consórcio representado por Diogo Freitas como ser vendida a outro grupo, português ou estrangeiro — no último caso, com implicações que devem ser bem escrutinadas, tendo em conta a importância daquela rádio no panorama mediático luso”, alerta o SJ.
O sindicato recorda que no caso da TSF estão em causa “dezenas de profissionais, cerca de 50 dos quais jornalistas”, pelo que “é urgente que haja uma clarificação do negócio, para que estas vidas não continuem em suspenso”.
“O SJ conta que as instituições responsáveis, nomeadamente a Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) e a Autoridade da Concorrência (AdC), estejam a dar especial atenção a este caso, pela delicadeza do momento que atravessamos ao nível jornalístico, mas também político”, salienta.
O subsídio de Natal dos trabalhadores da GMG ainda está por pagar.
“O atraso de mais de dois meses implica o pagamento de juros, que têm de ser creditados a quem espera pelo pagamento desde 07 de dezembro”, recorda o SJ, lembrando ainda que os recibos verdes do grupo também aguardam por receber o pagamento dos serviços prestados.
“Em causa estão os vencimentos de dezembro, que pelo procedimento em vigor no grupo, e que o SJ considera injusta e desproporcional, deveria ter sido pago até 10 de fevereiro”, pelo que “é fundamental que o GMG regularize imediatamente estas situações, poupando prejuízos mais graves à vida destes trabalhadores, os mais frágeis nestas relações laborais e tantas vezes menosprezados nos últimos anos, com particular acuidade nos meses mais recentes”.
De acordo com o Expresso, oss acionistas Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e António Mendes Ferreira “continuarão como acionistas da nova empresa a criar para agregar os títulos da Global que serão comprados” e terão “30% do capital e haverá mais 9% que serão distribuídos aos trabalhadores”.
De acordo com o título, os outros 61% ficam nas mãos dos quatro novos investidores: OTI Investimentos (empresa controlada pela família de Diogo Freitas), as empresas Parsoc — Investimentos e Participações, com negócios na distribuição, e Ilíria — Serviços de Consultoria e Gestão, que já foram sócias de Marco Galinha na Global Media, e a Mesosystem, que atua na cosmética.
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