Em declarações à Agência Lusa, Miguel Guimarães disse ter relatos de deficiências em blocos de partos de vários hospitais, além de situações de conflitos entre médicos e enfermeiros.
Segundo o bastonário, os médicos têm feito um “enorme esforço” para assegurar partos, mas “estão no limite”.
“Não podemos continuar assim indefinidamente”, disse, apelando ao Governo para resolver definitivamente a questão, fazendo a negociação com os profissionais ou introduzindo novas regras.
Miguel Guimarães indicou que o colégio de especialidade de ginecologia e obstetrícia está “considerar seriamente” reformular as equipas tipo ao nível dos blocos de partos, aumentando o número de médicos.
À Ordem chegaram já relatos de “vários hospitais em que há conflitos entre médicos e enfermeiros”, o que Miguel Guimarães considera indesejável, até porque pode por em causa a relação das equipas multidisciplinares.
Apesar disso, o bastonário refere que há hospitais que continuam a funcionar normalmente e diz que as grávidas “têm de continuar a confiar no Serviço Nacional de Saúde”.
“É uma situação inédita em Portugal e até provavelmente na Europa. Tem de ser encontrada uma solução”, afirmou, indicando que essa solução deve ser encontrada em conjunto pelo Governo, médicos e enfermeiros.
Miguel Guimarães falava à Agência Lusa à margem de uma conferência, promovida pela Associação da Indústria Farmacêutica, onde o bastonário se referiu aos “momentos de tensão” no setor da saúde.
Os enfermeiros de saúde materna e obstetrícia continuam em protesto e afirmam que são os médicos quem tem tentado colmatar as falhas dos serviços, mas que estes profissionais estão exaustos.
Em declarações à agência Lusa na semana passada, Bruno Reis, do movimento dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia, disse que as dotações de profissionais nas salas de parto "continuam inseguras".
"Quem está a tentar colmatar as falhas são as equipas médicas que estão extenuadas e exaustas ", afirmou.
Bruno Reis adiantou que os enfermeiros não veem razões para parar com este protesto, que decorre há quase um mês e que passa por não cumprirem as funções especializadas pelas quais não são ainda remunerados.
O protesto tinha ocorrido já durante quase todo o mês de julho, tendo sido interrompido para negociações com o Governo.
A 24 de agosto, os profissionais especialistas retomaram o protesto por “falta de resposta política do Governo”, segundo Bruno Reis.
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