É meio-dia no Trump Burger e o restaurante já está cheio. O aroma de carne grelhada preenche o estabelecimento com uma dúzia de mesas no Texas. Por lá, os clientes saboreiam os hambúrgueres e os primeiros 100 dias de presidência de Trump.

Decorado com figuras do presidente e recordações com o seu nome e imagem, este restaurante funciona desde 2020 em Bellville, uma cidade ao norte de Houston, no condado de Austin, onde 80% dos moradores votaram em Donald Trump no ano passado. O estabelecimento faz parte de uma pequena franquia privada com quatro unidades neste estado republicano.

Nos fins de semana, aparecem por lá motards com as suas barulhentas Harley-Davidsons ou famílias que chegam nas suas carrinhas de caixa aberta com pneus enormes.

É possível pedir um Trump Burger com 240 gramas ou uma Trump Tower, com uma porção dupla, que custam em média 15 dólares, e vem com o apelido do presidente estampado no pão. O 'Biden Burger', com cerca de 30 gramas de carne com "tomate e pão velho" custa 50,99 dólares, mas nunca está disponível devido ao "engano e à inflação", diz o menu.

Na cozinha, trabalhadores latinos coordenam, em espanhol, a montagem dos hambúrgueres. Lá fora, Kim Vanek, reformada de 59 anos, chega para almoçar. Kim acredita que os primeiros 100 dias de Trump "foram ótimos".

"As pessoas acham que as coisas vão mudar do dia para a noite. Não é assim, mas as coisas estão a caminhar na direção certa. Veremos muitos resultados positivos nos próximos três anos", afirma.

Apesar das dúvidas de especialistas sobre a aparente falta de rumo na imposição de tarifas alfandegárias aos parceiros comerciais dos Estados Unidos e a quase todas as economias do mundo — que foram adiadas por enquanto — e a guerra comercial lançada contra a China, Vanek permanece otimista.

No entanto, nem todos têm a mesma opinião sobre estes primeiros 100 dias. Para August Money, um republicano de 34 anos que não votou em Trump, tem sido "caótico".

Acredita que a questão das tarifas foi abordada de forma errada e considera os primeiros 100 dias os mais impactantes. "Embora eu ache que a abordagem agressiva tenha sido positiva para o avanço da sua agenda, a implementação, e até mesmo alguns de seus colaboradores, são bastante questionáveis".

Trump implementou deportações em massa de migrantes sem documentos, incluindo dezenas de venezuelanos, para uma prisão de segurança máxima em El Salvador, acusando-os de serem membros da gangue Tren de Aragua.

Vários familiares alegam que os detidos não têm antecedentes criminais e que foram enviados para a prisão sem o devido processo legal.

Enquanto Kim Vanek celebra que Trump tenha "garantido a segurança nas fronteiras", Money não concorda "com a falta do devido processo porque sabemos que é perigoso. Mandar pessoas para a prisão num país estrangeiro também é algo com que não concordo".