Yulia estava hospitalizada desde 4 de março, quando foi encontrada inconsciente - tal como o seu pai - num local público em Salisbury (sul de Inglaterra). As autoridades britânicas acusaram a Rússia de estar por detrás de um ataque com uma arma química, no caso o agente neurotóxico Novichok (inicialmente fabricado na antiga União Soviética, nos anos 1970).
A filha de Skripal acabou por ter alta e foi levada para um local secreto pelas autoridades do Reino Unido.
"Os últimos acontecimentos reforçam os nossos receios de que esta é uma questão de isolamento de uma cidadã russa. Temos todas as razões para crer que pode tratar-se de um caso de retenção à força de cidadãos russos, que eventualmente são retidos à força para uma encenação", declarou a porta-voz da diplomacia russa Maria Zakharova, em conferência de imprensa.
Por outro lado, Zakharova salientou que a Rússia não vai acreditar nas conclusões da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) sem que tenha acesso às amostras de sangue que serviram de base às análises da organização. A OPAQ confirmou hoje que as análises às amostras confirmam as suspeitas do Reino Unido de que o agente neurotóxico utilizado foi o Novichok.
"A Rússia não acredita nas conclusões [do caso Skripal] na base da palavra, até que os seus especialistas tenham acesso às amostras das análises mencionadas no relatório da OPAQ", disse a porta-voz.
Moscovo quer, igualmente, ter acesso a "todas as informações na posse de Londres a propósito deste incidente", acrescentou Zakharova.
"Não se trata de uma questão de confiança, mas sim de uma questão de trabalho a partir de material concreto", sublinhou a responsável do MNE russo, acrescentando que "a Rússia está pronta e aberta a todos os tipos de trabalho em conjunto".
A OPAQ anunciou hoje que as suas análises laboratoriais "confirmam as descobertas do Reino Unido quanto ao agente químico tóxico utilizado em Salisbury" para envenenar o ex-agente duplo Serguei Skripal e a sua filha.
A substância química era de uma "grande pureza", precisou a OPAQ, sem no entanto apontar responsabilidades pelo ataque.
Na sequência das conclusões, Londres exigiu uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, que deverá realizar-se na próxima semana.
"Não temos qualquer razão para pensar que não se trata da continuação de uma provocação flagrante contra a Rússia por parte dos serviços secretos britânicos", desvalorizou a porta-voz Maria Zakharova, criticando o "fluxo de desinformação" que, segundo ela, visa prejudicar Moscovo.
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