Se nos pudermos dar ao luxo de aplicar a terminologia do Boxe e do Wrestling para descrever os debates das eleições presidenciais, o confronto entre Ana Gomes e André Ventura foi marcado — e vinha sendo encarado — como um dos principais combates do cartaz, o chamado “main event”.
Como todas as boas disputas, ambos partiram com antecedentes. Já desde setembro que o deputado do Chega tinha a ex-eurodeputada socialista na mira: “vai parecer cobardia, e será cobardia, Ana Gomes não se candidatar” disse Ventura em entrevista ao SAPO24. Depois, chamou-a “candidata cigana” — o que mereceu natural repúdio de vários setores da sociedade portuguesa — e admitiu mais do que uma vez que se demitiria da presidência do seu partido caso ficasse atrás dela nestas eleições. Ana Gomes, por sua parte, recusou a ofensa, mas também não se deixou ficar, defendendo publicamente que o Chega não deveria ter sido legalizado.
A esta animosidade junte-se o facto de ambos partilharem o mesmo segundo lugar nas mais recentes sondagens e de Ventura ter vindo a empregar um estilo particularmente agressivo de debate — especialmente contra os candidatos à esquerda, como Marisa Matias e João Ferreira — e os ingredientes estavam reunidos para que a disputa fosse feroz, sem luvas. E assim foi, tal qual o esperado.
No início da disputa, porém, procuraram estabelecer-se diferentes propósitos. André Ventura disse ter Ana Gomes como alvo porque “representa a esquerda toda. Basta ver que os outros candidatos andam a fazer fretes à candidata, porque sabem que vai ficar à frente deles”, disse o deputado do Chega. “Não vou pessoalizar, mas é a minha principal adversária. A doutora Ana Gomes, e digo isto com respeito, representa tudo aquilo em que não acredito, tudo o que acho que o país não deve ter”, atirou, considerando esta acima de tudo “uma questão política'' porque “para a direita é importante derrotar esta candidatura”. Ana Gomes, porém, desvalorizou Ventura e remeteu-o à irrelevância. “O meu concorrente principal é o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Eu candidato-me para ser eleita Presidente da República”, reagiu.
No entanto, se a ideia era debaterem com civilidade, o projeto caiu rapidamente por terra. Sem entrar no descalabro dialético dos dois debates acima referidos, houve tensão, ataques baixos e acusações de parte a parte. Este, como tem vindo a provar-se, é o terreno de eleição de André Ventura, só que o deputado do Chega teve dois entraves.
Em primeiro lugar, deparou-se com um estilo de moderação mais assertivo que noutras ocasiões, tendo mesmo sido admoestado pelo jornalista Pedro Mourinho para que parasse de fazer comentários murmurados e interrupções. Em segundo, apanhou uma Ana Gomes que — à exceção do disputado (mas civilizado) embate na véspera com Tiago Mayan —, ainda não tinha sido posta à prova, mas também não perdeu a compostura perante as suas provocações, embora não escondendo o desdém em sucessivos esgares de desaprovação quando o deputado do Chega falava.
Para qualquer espectador indeciso entre os dois candidatos, este debate pouco deve ter contribuído para esbater diferenças que não no plano moral, já que muito pouco se falou de política e de projeto, e o que foi mencionado já era do conhecimento público.
Da sua parte, Ana Gomes agarrou-se às bandeiras que a têm protagonizado, de uma boa utilização dos poderes confiados ao Presidente da República, do combate à corrupção e pela transparência, ou do esforço por conseguir meios para a justiça, para as forças de segurança e forças armadas, para que “funcionem, mas com exigência no cumprimento das suas funções”. Quando perguntada se procederia a uma requisição civil dos hospitais privados no contexto da pandemia, a candidata defendeu que estes devem “trabalhar ao preço de custo e não majorado à conta dos contribuintes” pois “temos de ter toda a capacidade instalada” disponível.
Já André Ventura, voltou a trazer à discussão os temas que tem defendido e com os quais se sente confortável. Estes foram da vontade em fazer uma revisão constitucional para adotar um regime presidencialista à recusa da comparticipação de medicamentos para refugiados e requerentes de asilo (que disse tratar-se de “fascismo invertido”), passando pelo projeto de instituição da prisão perpétua. Quanto a esse ponto, Ana Gomes contrapôs que tal passou seria "um retrocesso civilizacional", até porque mais tarde, "se calhar, estar-se-ia a propor que se corte as mãos aos ladrões" — um ponto mereceu este comentário de Ventura: "A alguns não fazia mal".
Considerando ataques às ideias políticas em si, apenas Ana Gomes o fez declaradamente, denunciando que o programa do Chega defende a abolição da escola pública e do Serviço Nacional de Saúde, assim como uma taxa de impostos “única igual para ricos e pobres que significa tremendas vantagens para os mais riscos”.
Excluindo estes breves momentos, os trinta minutos de debate foram preenchidos com ataques políticos, tiradas grosseiras e insinuações.
Ana Gomes, por exemplo, lembrou a invasão do Capitólio nos Estados Unidos da América para referir que o descalabro político vivenciado do outro lado do Atlântico foi provocado por “certas forças, designadamente as representadas pelo senhor deputado”, procurando colar o líder do Chega a Donald Trump.
Já Ventura, por seu lado, resgatou a expressão “ditadura de bem” usada noutros debates, para dizer que esta é “o contrário do que tivemos até agora, que é metade do país a trabalhar por quem não quer fazer nada”. “Não vou ser o presidente do José Sócrates, dos pedófilos, dos traficantes de droga”, afirmou.
Tal termo, porém, serviu para Ana Gomes soltar uma das melhores expressões de um debate que as teve em pouca qualidade: “Este senhor recentemente disse que era pela ditadura das pessoas de bem. Pessoas de bem não são por ditadura nenhuma. São pela democracia”.
“Não vou pessoalizar, mas é a minha principal adversária. A doutora Ana Gomes, e digo isto com respeito, representa tudo aquilo em que não acredito”. - André Ventura
“O meu concorrente principal é o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Eu candidato-me para ser eleita Presidente da República”. - Ana Gomes
“Este senhor recentemente disse que era pela ditadura das pessoas de bem. Pessoas de bem não são por ditadura nenhuma. São pela democracia”. - Ana Gomes
“Ilegalizem lá um partido que representa os portugueses normais, que representa uma grande parte da população, e digam a essas pessoas que a partir de agora vão ser todos ilegais” - André Ventura
"Este senhor tem truques para tentar arrastar para a lama quem vem aqui debater com ele, para ficar parecida com ele, mas não será o meu caso”. - Ana Gomes
“Só achei estranho demorar dez minutos para falar no Luís Filipe Vieira” - André Ventura
“[André Ventura] É um instrumento de poderes ocultos perigosos que estão na sombra” - Ana Gomes
“Ana Gomes não quer adiar as eleições porque sabe que se já estou empatado com ela, daqui a uma semana tenho o dobro” - André Ventura
“Tem um registo em Belém de coelhinho, muito sossegadinho e calminho, mas aqui nos debates apresenta-se com um registo de gatarrão” - Ana Gomes
As ligações ao MRPP
Num debate onde houve mais alfinetadas que ideias, o primeiro ataque “a sério” veio da parte de André Ventura, que procurou comprometer Ana Gomes com o seu passado de militância no MRPP.
Munido de um papel onde figurava um mural do partido maoista onde se lia “Morte aos traidores. Um novo escudo e saída do euro”, o candidato lembrou que o MRPP “foi responsável por destruir negócios e fábricas, ir atrás de pessoas, perseguir famílias” e que Ana Gomes disse que este foi “uma escola de democracia”.
“Eu tenho uma marca na cara que foi de uma vergastada de um PIDE no tempo em que eu e muita gente arriscou tudo, inclusivamente a vida, a trabalhar contra a ditadura”, reagiu Ana Gomes. A ex-eurodeputada disse ainda que não só teve orgulho de pertencer ao partido do qual saiu” pelo próprio pé em janeiro de 1976”, como recordou que foi apenas “um soldado raso”, ao contrário de Durão Barroso, que foi “um membro do comité central do MRPP” e “era líder do PSD quando este senhor lá entrou”, referindo-se a Ventura.
“Vem aqui dizer que está tudo bem porque levou uma vergastada há 50 anos, então não faz mal ter feito mal aos outros todos”, retorquiu o líder do Chega, acusando a rival de “não se conseguir demarcar desse passado”.
José Sócrates e as forças ocultas
Dado fazer parte do Partido Socialista, não era difícil prever que Ana Gomes fosse confrontada por André Ventura quanto às suas ligações a José Sócrates — apesar de a candidata se ter demarcado do ex-primeiro ministro por várias ocasiões ainda quando este se encontrava à frente do executivo.
Para atacá-la, o deputado do Chega mostrou no debate uma fotografia de Ana Gomes com o antigo primeiro-ministro José Sócrates em 2009, fazendo depois o seguinte comentário: "Não fui eu que andei aos abraços com José Sócrates. Estava aos beijinhos com ele há uns anos", comentou.
Mais inesperado, talvez, foi o facto da própria Ana Gomes traçar ligações de Ventura ao ex-dirigente socialista e usá-las como arma de arremesso. “Este senhor que vem aqui dizer lutar contra a corrupção foi funcionário da Autoridade Tributária e depois foi trabalhar para empresas que, com os conhecimentos que adquiriu na AT, ajudou ricos e empresas a pôr dinheiro em offshores” atirou. A nota aqui é de que terá ajudado Paulo Lalanda de Castro, “o patrão de Sócrates”, a “não pagar um milhão de impostos”, denunciou, referindo-se ao seu alegado envolvimento no caso dos Vistos Gold. “Está a mentir, nunca fui arguido”, respondeu Ventura.
A colagem a figuras poderosas, contudo, não se ficou por aqui. Na parte final do debate, Ana Gomes foi ainda mais longe, considerando que Ventura “é um instrumento de poderes ocultos perigosos que estão na sombra, ligados ao imobiliário de luxo, ao Banco Espírito Santo (BES) e Banif, poderes ligados a partidos de extrema-direita, como o MDLP ou o PNR”.
“A questão que os jornalistas têm de fazer é: quem é que os financia?” perguntou a candidata, que se virou para Pedro Mourinho e disse: “há jornalistas seus colegas que estão a ser ameaçados por membros do partido deste senhor por terem feito investigação ao financiamento e aos membros. É um boneco das forças ocultas”.
A ilegalização do Chega
Tal como já o tinha feito perante Marisa Matias, André Ventura confrontou Ana Gomes quanto à sua iniciativa de, na eventualidade de ser eleita presidente, pedir a ilegalização do Chega enquanto partido. E tal como aconteceu dessa vez, também aqui o candidato somou pontos.
“Ilegalizem lá um partido que representa os portugueses normais, que representa uma grande parte da população, e digam a essas pessoas que a partir de agora vão ser todos ilegais”, defendeu Ventura, falando num “precedente muito grave” aberto se um Presidente da República pressionasse a Procuradora-Geral da República a “ilegalizar um partido que neste momento é o terceiro nas sondagens em Portugal”.
Para além disso, também confrontou a sua adversária com a eventualidade de esta não dar posse a um Governo integrando o Chega. “Então o que faria? Eleições até ter um resultado de que gosta? Obrigaria os partidos a negociar de esquerda e de direita para não colocar o Chega porque não gosta de mim nem do Chega? É este o sentido democrático desta senhora?”, apontou.
A pergunta ficou sem resposta, com Ana Gomes apenas a afirmar que não é o Presidente da República a ilegalizar os partidos políticos, mas que, no seu caso, faria “um juízo político” quanto às formações, “em particular todas aquelas que querem destruir a democracia”, já que esta “tem de se defender, tem de ser intolerante com os intolerantes”.
A ex-eurodeputada lembrou também que o Chega “foi legalizado com mais de duas mil assinaturas falsas, incluindo pessoas mortas” e que o partido “viola a Constituição pela prática reiterada de incitação ao ódio, racismo, descriminação, ao confinamento de grupos étnicos no nosso país, como em relação à população cigana”.
Foi quanto a este último ponto que Ana Gomes recordou que apenas 3,8% do Rendimento Social de Inserção é destinado à população cigana. “É uma fração do que o amigo deste senhor, Luís Filipe Vieira, pregou de calotes ao Estado português”, atirou. “Só achei estranho demorar dez minutos para falar no Luís Filipe Vieira”, respondeu Ventura.
O “coelhinho” e o “gatarrão”
A vinda da francesa Marine Le Pen a Portugal para apoiar Ventura foi alvo de críticas por parte de Ana Gomes, que caracterizou a dirigente de extrema-direita como uma “destacada fascista, que quer destruir a Europa”.
A exploração da ligação à líder da Frente Nacional francesa, porém, não se ficou por aqui e contribuiu para um dos momentos mais insólitos da noite.
“Marcelo Rebelo de Sousa há dias revelou que ele [André Ventura] tem um registo em Belém de coelhinho, muito sossegadinho e calminho, mas aqui nos debates apresenta-se com um registo de gatarrão. Que registo usou com a senhora Marine Le Pen esta tarde?”, perguntou Ana Gomes.
Tal motivou a seguinte resposta por parte de André Ventura: "Fico contente por Ana Gomes dizer que sou um gato. Agradeço muito esse elogio, fica-lhe bem". “Gatarrão”, corrigiu a ex-eurodeputada.
Apesar de embaraçoso, o momento, ainda assim, foi também aproveitado para obter ganhos políticos por parte de Ventura. “Ficou mal a Marcelo Rebelo de Sousa colocar-se no debate enquanto presidente e não como candidato e revelar conversas privadas no Palácio de Belém. O meu tom e a minha assertividade são sempre os mesmos. O Presidente da República saiu mal do debate comigo, ficou sem argumentos e saiu chateado", disse.
O tom manteve-se crispado ao longo de todo o debate, mas houve um momento em particular que marcou o confronto e irritou Ana Gomes. Foi quando André Ventura trouxe Paulo Pedroso, atual diretor de campanha da candidata, para a discussão, no seguimento das acusações que em si recaíram quanto ao seu passado na Autoridade Tributária.
“Tem um diretor de campanha que é Paulo Pedroso. Acho que é uma vergonha uma candidata presidencial apresentar-se às eleições com um nome que todos sabemos — e não estou a falar da pedofilia, nem do julgamento que devia ou não haver. Estou a falar da influência que ele e o PS moveram naqueles anos dramáticos em que estava a ser investigado o caso para condicionar a justiça e para impedir que fosse feita. Não sou eu que o digo, foi a Associação Sindical dos Juízes Portugueses, foi o Supremo Tribunal de Justiça que disse que foram feitas diligências pelo líder do PS Ferro Rodrigues — por quem a doutora Ana Gomes entrou no partido — para tentar condicionar a justiça”, apontou Ventura.
A referência a Paulo Pedroso levou Pedro Mourinho a interromper o deputado do Chega para frisar que o antigo ministro socialista não chegou a ser acusado judicialmente no âmbito do processo Casa Pia. Este, porém, não se deixou ficar sem esta insinuação: “Não tem a ver com pedófilia, ele não foi a julgamento, eu tenho a minha opinião mas não a vou dizer”.
A referência ao seu diretor de campanha levou Ana Gomes a cerrar a cara e invocar a sua dignidade como ferida por tal ataque. "Este senhor tem truques para tentar arrastar para a lama quem vem aqui debater com ele, mas não será o meu caso. Sou mãe, sou avó de sete netos e repudio totalmente qualquer tentativa de insinuação deste senhor de me associar a mim ou qualquer uma as pessoas que trabalham comigo e em quem eu confio, como é o caso do doutor Paulo Pedroso, com quaisquer práticas criminosas”, respondeu.
Ventura, todavia, não largou o tema, e voltou a mencioná-lo no fim do debate. “Depois de saber tudo o que já disse, vai manter Paulo Pedroso como diretor da sua campanha?”, indagou. “Este senhor insiste em ser vil, e mais vil até do que já foi até agora. Mas eu não vou descer ao nível dele”, reagiu a adversária. ““Não ofende quem quer. Este senhor não me ofende”, atirou ainda.
Sendo duas candidaturas colocadas à distância de um mundo, não foi fácil encontrar um tema de concordância. Ambos os candidatos, no entanto, mostraram-se pouco entusiastas à ideia de se adiarem as eleições devido à situação pandémica do país, ainda que por motivos distintos.
Ana Gomes disse que “a democracia não pode ser suspensa”, esperando que “haja condições para que [as pessoas] vão votar”. Adiar “depende de elementos que eu não tenho”, defendeu. Já André Ventura disse que era difícil adiar as eleições porque implicava uma revisão constitucional e esta tem prazos estabelecidos que não se coadunarão com o pouco tempo disponível até dia 24.
O deputado do Chega aproveitou o tema, ainda assim, para lançar nova farpa à candidata. “Ana Gomes não quer adiar as eleições porque sabe que se já estou empatado com ela, daqui a uma semana tenho o dobro”, disse Ventura.
Quando questionada no início do debate se estava preparada para falar com o “diabo”, Ana Gomes referiu que, dado o seu passado como diplomata sempre teve de estar “preparada para falar com tudo” e que na sua carreira “falar com muitos diabos e soube sempre o que é preciso para lidar com eles”.
Essa preparação veio ao de cima. Ao contrário de João Ferreira e Marisa Matias, que se viram engolidos pela retórica intensa e agressiva de André Ventura, Ana Gomes conseguiu ser mais incisiva e não se deixar levar pelas provocações sucessivas, rindo-se com desdém e limitando-se a tratar o seu interlocutor por “este senhor”. A promessa de que não iria ser arrastada para a lama foi gorada, mas esta ficou apenas pelos tornozelos.
Para além disso, deixou o deputado do Chega numa situação frustrante em que os seus ataques não tiveram o mesmo impacto. Apesar de trazer MRPP, José Sócrates e Paulo Pedroso debaixo do braço, nenhum dos três temas conseguiu abalar a ex-eurodeputada. A menção ao seu diretor de campanha deixou-a irritada, mas não causou descompensação.
O próprio André Ventura, falando à TVI depois do debate, admitiu que não conseguiu rebater a ideia de que Ana Gomes tem “superioridade moral” e que ficou “por ser mais assertivo nessa matéria”. Por outro lado, as acusações de que foi alvo, como ser “um boneco de interesses ocultos”, não foram propriamente ataques demolidores, mas o candidato não se desenvencilhou tão bem como noutras ocasiões.
Reforçando-se que no plano das ideias pouco houve a discutir, a vitória vai para Ana Gomes, que por ter resistido ao mesmo fado que tiveram os seus concorrentes à esquerda, arrisca-se a convencer uma parte generosa desse eleitorado.
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