Um balanço anterior das autoridades apontava para mais de 80 chegadas.
Os migrantes partiram durante a noite das praias marroquinas localizadas a alguns quilómetros a sul de Ceuta e foram detidos quando entraram em território espanhol, segundo precisou um porta-voz da Guarda Civil espanhola em Ceuta, citado pelas agências internacionais.
O vasto grupo era constituído principalmente por jovens do sexo masculino, mas também foram identificadas crianças e mulheres, de acordo com um porta-voz da autarquia de Ceuta, que referiu ainda, em declarações à agência France-Presse (AFP), que alguns dos migrantes usaram boias insufláveis, enquanto outros chegaram ao enclave espanhol em botes pneumáticos.
“A maré estava baixa e em certos lugares era praticamente possível chegar a pé [ao território espanhol]”, acrescentou o mesmo porta-voz.
Segundo a agência espanhola EFE, a Cruz Vermelha espanhola prestou assistência às pessoas que chegavam às costas de Ceuta, fornecendo, por exemplo, mantas.
Um migrante que apresentava sinais de hipotermia foi transferido para um hospital local.
Fontes da delegação do governo espanhol em Ceuta divulgaram, entretanto, que estas entradas irregulares registadas nas últimas horas já foram comunicadas aos ministérios do Interior e dos Negócios Estrangeiros, de forma a iniciar os contactos com as autoridades marroquinas e coordenar o repatriamento imediato destes migrantes.
Este tipo de chegadas irregulares a Ceuta não é uma situação inédita.
No final de abril, e durante um fim de semana, mais de uma centena de migrantes, igualmente procedentes de Marrocos e organizados em grupos de 20 e 30 pessoas, alcançaram a nado o território espanhol de Ceuta.
A maioria destes migrantes foram expulsos e entregues às autoridades marroquinas.
Na altura, Madrid informou que todos os repatriados eram adultos, uma vez que entre os cerca de 150 migrantes que tinham alcançado a nado o território espanhol de Ceuta constavam vários menores de idade, que ficaram sob tutela do governo autonómico.
Estas chegadas irregulares de migrantes procedentes de Marrocos ao território de Ceuta acontecem num contexto de tensão diplomática entre Madrid e Rabat.
Marrocos, um aliado fundamental de Madrid na luta contra a imigração ilegal, convocou em finais de abril o embaixador espanhol em Rabat para manifestar o desagrado das autoridades marroquinas perante a hospitalização em Espanha do líder do movimento de independência saarauí Frente Polisário, Brahim Ghali.
A questão do estatuto do Saara Ocidental, antiga colónia espanhola considerada como “território não autónomo” pelas Nações Unidas na ausência de um acordo definitivo, opõe há décadas Marrocos e a Frente Polisário.
No ano passado, 41.861 migrantes chegaram de forma irregular a Espanha, por via marítima e por via terrestre, um aumento de 29% em relação a 2019, em parte por causa da forte pressão migratória verificada nas Ilhas Canárias, segundo dados oficiais.
No caso específico de Ceuta, em 2020, foram referenciadas 430 chegadas por via marítima, menos do que as 655 verificadas no ano anterior.
Grupos de migrantes tentam regularmente entrar no território de Ceuta, seja a nado ou através de tentativas para trepar as altas cercas fronteiriças que separam o enclave de Marrocos.
Ceuta e Melilla, outro enclave espanhol situado junto à costa marroquina, são as únicas fronteiras terrestres da União Europeia (UE) com África.
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