“É um privilégio ser sobrinho dos videntes e invocar dois santos tratando-os por tios”, afirmou à agência Lusa António Marto, de 79 anos, assinalando que quando o revela causa “uma admiração muito grande”.

Francisco e Jacinta Marto foram beatificados em maio de 2000, por ocasião da terceira visita do papa João Paulo II a Fátima.

Um ano antes, em junho de 1999, o papa polaco promulgou o decreto sobre o milagre da cura obtida através da intercessão de Francisco e Jacinta.

Em março, o papa Francisco, que peregrina ao santuário de Fátima a 12 e 13 de maio, aprovou e o milagre que abre portas à canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto.

Para António Marto, “é um privilégio para a família” e “uma graça” os beatos serem canonizados.

“Além de ser uma graça, é uma responsabilidade grande. Temos de dar o exemplo às outras pessoas”, declarou, referindo ter “vivido sempre como um cidadão normal”, mas com esta responsabilidade.

Segundo o sobrinho de Francisco e Jacinta, quando uma vez viajou por Itália e França e dava conta da sua história familiar, “acabava por ser um cartão de visita”, reconhecendo que os videntes e os acontecimentos de há um século na Cova da Iria “influenciaram, de certo modo, toda a família”.

“As pessoas pediam-me para pedir aos meus tios que olhassem por elas e eu não me esquecia de pedir”, referiu, explicando que, entre os irmãos, quando se referem aos beatos é sempre “tios”.

Já Jacinta Marto, de 74 anos, também sobrinha dos dois beatos, subscreve o facto de ser privilégio, mas assinala que “quem escolhe é Deus”.

“É uma alegria muito grande saber que a Igreja reconheceu a Jacinta e o Francisco como pessoas heroicas”, afirmou Jacinta Marto, assinalando que “as pessoas têm consciência de que Francisco, Jacinta e Lúcia foram crianças escolhidas por Deus para transmitirem uma mensagem que era para todo o mundo”.

Maria do Fetal Neves Rosa, de 87 anos, outra das sobrinhas, remete o privilégio para os videntes.

“Para nós - sempre nos considerámos e somos pessoas do meio - sentimos que o que se passou com os nossos tios está além de nós. Às vezes sentimos uma comoção profunda”, declarou, salientando que o privilégio não foi para a família, mas para as crianças.

Para Maria do Fetal, “é uma alegria para a Igreja, para a família é uma comoção” e, se se pensar em eternidade, “então é um júbilo e uma esperança”, admitindo igualmente sentir uma “responsabilidade ao nível do comportamento".

Francisco Marto nasceu a 11 de junho de 1908 e faleceu a 04 de abril de 1919, em Aljustrel, vítima da gripe pneumónica. No ano seguinte, a 20 de fevereiro, morreu Jacinta Marto, no hospital D. Estefânia, em Lisboa, com nove anos, também da mesma doença.

Os restos mortais de ambos, assim como de Lúcia de Jesus (1907-2005), a outra protagonista das “aparições”, encontram-se na basílica do Rosário de Fátima.