“A PSP colocou em cima da mesa propostas diferentes que, no nosso entender, dariam mais garantias de uma maior capacidade de reação por parte da PSP”, disse à agência Lusa o vice-presidente do Sindicato Nacional de Oficiais da Polícia.
Bruno Pereira avançou que a Polícia de Segurança Pública se “opôs veementemente” ao modelo proposto pelo Sporting para o estádio e para o desfile do autocarro com os jogadores, tendo apresentado alternativas que permitiriam à PSP “agir de forma efetiva e não estar sempre a correr atrás do prejuízo”.
O Sporting sagrou-se na terça-feira campeão português de futebol pela 19.ª vez, 19 anos após a última conquista, e durante os festejos ocorreram confrontos entre os adeptos e a polícia.
A milhares de pessoas concentram-se junto ao estádio, quebrando as regras da situação de calamidade em que o país se encontra devido à pandemia de covid-19, em que não são permitidas mais de 10 pessoas na via pública, nem o consumo de bebidas alcoólicas na rua.
O vice-presidente do sindicato que representa a maioria dos comandantes e dos diretores da PSP precisou que as propostas alternativas apresentadas pela polícia incluíam um controlo de segurança dos adeptos quer no estádio quer no Marquês de Pombal.
Segundo o mesmo responsável, este modelo permitiria à PSP ter uma ação efetiva sobre quem entrava e quem saía do local e sobre o número de pessoas que lá estariam dentro, bem como detetar quem fosse portador de objetos que pudessem pôr em causa a integridade física de outras pessoas e dos polícias.
As propostas da PSP foram apresentadas na reunião de preparação dos festejos em que estiveram presentes representantes do Ministério da Administração Interna, Direção-Geral da Saúde, Câmara Municipal de Lisboa e Sporting Clube de Portugal.
Bruno Pereira deu também conta que a festa junto ao estádio do Sporting foi feita depois de um pedido de autorização ao abrigo do direito à manifestação feito pela Juve Leo à Câmara de Lisboa.
Segundo o vice-presidente do sindicato que representa os oficiais da PSP, o pedido de autorização inclui a indicação de que seria montado uma infraestrutura com painéis audiovisuais e um disco jóquei.
“Sobre isso a PSP também tomou uma posição quando auscultada pela câmara, dando nota de que esses elementos poderiam ser claramente potenciadores de uma concentração ainda maior do que aquela que já era previsível”, afirmou, salientando que a PSP recomendou que não fosse instalado o écran gigante.
Segundo Bruno Pereira, a câmara não se pronunciou sobre a recomendação da PSP.
Sobre o desfile do autocarro com os jogadores, segundo a PSP, o pedido de autorização foi feito pelo Sporting à Câmara de Lisboa.
Fonte desta força de segurança disse à Lusa que o diretor da Polícia de Segurança Pública enviou um ofício ao Ministério da Administração Interna (MAI) a solicitar uma intervenção política.
O vice-presidente do sindicato que representa a maioria dos comandantes e dos diretores da PSP apenas confirma o envio do ofício ao MAI, mas referiu que desconhece o teor.
No entanto, explicou que o MAI não tem poder efetivo legal para “influir sobre a decisão da câmara”, que é a entidade licenciadora, podendo apenas ter uma influência política para “os alertar para aquilo que podia ser um cenário mais catastrófico ou mais difícil de gerir”.
Bruno Pereira fez uma alusão ao campeonato ganho no ano passado pelo FC Porto, quando Portugal também já não estava em estado de emergência e, com uma situação de alerta em vigor no Porto, a câmara proibiu que a equipa festejasse na rua e impediu a realização do cortejo.
O primeiro-ministro anunciou na quarta-feira no parlamento que o Governo pediu à Inspeção-geral da Administração Interna a abertura de um inquérito à atuação da PSP nos festejos do Sporting como campeão nacional de futebol.
Em comunicado, a direção nacional da PSP refere que os festejos dos adeptos do Sporting em alguns locais de Lisboa resultaram em "alterações relevantes da ordem pública” e que foi necessário reforçar o dispositivo policial para “restabelecer a ordem e tranquilidades públicas” e “conter as desordens”, que consistiram “no arremesso, na direção dos polícias, de diversos objetos perigosos, incluindo garrafas de vidro, pedras e artefactos pirotécnicos, que também atingiram outros cidadãos”.
A PSP diz que usou a força pública, incluindo o disparo de balas de borracha, para fazer face aos comportamentos "desordeiros e hostis por parte de alguns adeptos”.
Comentários