Estes biocompósitos, criados pela Spawnfoam, sediada no Parque de Ciência e Tecnologia de Vila Real, podem ser utilizados “numa infinidade de contextos, assumindo as mais variadas formas e funções”, disse à agência Lusa Pedro Mendes, um dos fundadores do projeto que, em junho, chegou à final nacional da ClimateLaunchpad, uma competição da Comissão Europeia que apoia ideias inovadoras com vista à redução do impacto ambiental e que decorreu no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC).
“Apesar de revolucionários, estes biocompósitos são criados a partir de coisas simples e que se encontram facilmente na natureza”, como subprodutos da agricultura e resíduos agroflorestais, indicou o engenheiro mecânico.
Segundo o empreendedor, para criar os biocompósitos são utilizados materiais em final do ciclo de vida mas que têm “um enorme potencial”, aos quais são adicionados aditivos de origem orgânica, tendo especial atenção ao aproveitamento da matéria-prima existente no Douro e em Trás-os-Montes.
“Esta mistura, que é submetida a diferentes fases de tratamento, resulta num compósito totalmente biodegradável e multifacetado”, contou o diretor executivo da Spawnfoam.
As mais-valias destes compósitos, salientou, passam pela multiplicidade de aplicações, formas e funções, pela fiabilidade com que cumprem os seus propósitos e pela relevância ambiental, permitindo uma economia circular e solucionar problemas ambientais resultantes do uso excessivo de combustíveis fósseis, como a poluição por microplásticos e o aquecimento global.
Atualmente, estão a ser testados no mercado três dos produtos desenvolvidos pela empresa: placas para isolamento térmico, acústico e vibratório - destinadas à construção civil -, enchimento para embalagens e vasos para transplantação de árvores, sendo este último “o maior desafio” a que a equipa se impôs.
“À semelhança dos demais produtos que criamos, estes vasos pretendem acabar com o plástico, neste caso no processo de crescimento e transplantação de plantas e árvores de viveiro”, esclareceu.
Contudo, para o engenheiro mecânico, o maior valor desta solução está no potencial de aumento do sucesso da transplantação, visto que a árvore é plantada conjuntamente com o vaso, o que lhe permite mais estabilidade e resistência.
Nesse vaso é ainda possível incorporar fertilizantes naturais, que potenciam o crescimento mais saudável e rápido da planta.
A ideia para a Spawnfoam surgiu em 2013, numa aula de Ciência dos Materiais, no âmbito do mestrado em Engenharia Mecânica, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), na qual foi apresentada uma empresa americana de produção de biocompósitos biodegradáveis.
“Já éramos interessados por tecnologias e materiais inovadores com potencial para se afirmarem como alternativa ao plástico e outros derivados de combustíveis fósseis. Depois daquela aula, ficámos com a certeza de que poderíamos contribuir para a mudança de que o mundo precisa”, contou.
No mesmo ano, o projeto foi selecionado participar no programa Passaporte para o Empreendedorismo, do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI).
“Desde então a ideia foi sendo amadurecida, até que, em 2016 participamos no programa COHiTEC. O 'output' dessa participação foi a criação da Spawnfoam, em janeiro de 2017”, referiu.
Além de Pedro Mendes, fazem parte da equipa a professora e investigadora da UTAD Guilhermina Marques, a engenheira biotecnológica Cynthia Malhadas e o técnico de produção António Duarte.
O projeto foi recentemente distinguido com a aprovação da candidatura ao programa “Apoiar a Transição para uma Economia Circular”, do Fundo Ambiental, e com os prémio “Tecnologia e Produtividade”, do projeto Inovar + Trás-os-Montes, e “Novo Rumo a Norte”, da Associação Empresarial de Portugal (AEP).
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