Lançada por um avião britânico em abril de 1945 durante um ataque a um contratorpedeiro alemão, a bomba com mais de cinco toneladas, conhecida como Tallboy e capaz de causar um miniterremoto, foi localizada no ano passado durante a dragagem desta rota de acesso ao porto de Szczecin, no extremo noroeste da Polónia.

"Esta é a primeira vez no mundo. Ninguém jamais neutralizou uma Tallboy tão bem preservada que jaz no fundo da água", disse à AFP Grzegorz Lewandowski, porta-voz da 8ª flotilha de defesa costeira polaca, com base em Swinoujscie.

Cerca de 750 habitantes da zona de segurança num raio de 2,5 quilómetros foram obrigados a deixar as suas casas durante a operação de alto risco que pode durar cinco dias, segundo a Marinha.

Durante a operação, a circulação e o tráfego marítimo serão suspensos nesta cidade portuária e fronteiriça de 40 mil habitantes espalhados por 44 ilhas, informou Jaroslaw Jaz, do departamento de gestão de crises.

Polónia desativa bomba de 5 toneladas da II Guerra Mundial
A bouy marks the site of a Second World War 'Tallboy' bomb in the Piast Canal (Kanal Piastowski), near Swinoujscie, northwestern Poland, on October 9, 2020, where Polish divers are expected to defuse the bomb on October 12, 2020. - Polish military divers are due to begin a delicate operation on October 12, 2020 to defuse one of World War II's most powerful types of bombs at the bottom of a navigation channel to the Baltic Sea. The five-tonne device -- nicknamed "Tallboy" and also known as an "earthquake bomb" -- was dropped by the Royal Air Force in a raid on a German cruiser in what was then Nazi Germany. (Photo by Lukasz Szelemej / AFP) créditos: AFP or licensors

Destruição por "combustão da carga"

"Durante os primeiros dois ou três dias, serão feitos os preparativos: os nossos mergulhadores vão escavar em volta da bomba no leito do canal, a uma profundidade de 12 metros. Apenas o nariz aparece", disse Lewandowski à AFP.

"É muito delicado. O artefato não deve se mover, não pode haver impacto, porque a menor vibração ameaça acionar a explosão", afirmou.

Para garantir a segurança dos mergulhadores e dos habitantes, bem como das infraestruturas que circundam o local, o esquadrão antibombas excluiu o método tradicional de detonação, o mais frequente e o mais violento.

"A zona de segurança na água é de 16 quilómetros" para esta bomba de mais de 6 metros de comprimento carregada com 2,4 toneladas de explosivos cuja potência equivale a 3,6 toneladas de TNT, segundo o porta-voz.

Por isso, o esquadrão antibombas optou pela "combustão da carga explosiva a uma temperatura abaixo do limiar de deflagração", explicou Lewandowski.

Consiste em instalar no corpo do artefato um dispositivo acionado remotamente que terá como objetivo perfurar a carcaça da bomba e iniciar a combustão.

O esquadrão antibombas de Swinoujscie tem vindo a usar este método rotineiramente há cinco anos para as bombas menos poderosas encontradas nas proximidades do canal.

Swinoujscie (Swinemunde em alemão) foi durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial uma das bases mais importantes da Marinha alemã no Báltico, lembra o historiador Piotr Laskowski, autor de um livro detalhado sobre o ataque da Real Força Aérea (RAF) contra o destróier Lützow, então ancorado em um canal na cidade.

Os canhões deste navio apoiavam a defesa contra o avanço do exército soviético.

Em 16 de abril de 1945, a RAF enviou 18 bombardeiros Lancaster da Divisão 617 estacionada em Woodhall Spa, a 225 quilómetros de Londres, com destino a Swinoujscie.

Depois de algumas horas de voo, doze Tallboys foram lançadas no Lützow.

"Uma delas não explodiu. Na verdade, um dos pilotos, o tenente americano W. Adams, relatou que não tinha visto a explosão", disse Laskowski à AFP.

Um dos Lancasters caiu na ilha de Karsibor matando todos os sete tripulantes.

Confiscado pelo Exército Vermelho, o Lützow serviu em exercícios da Marinha soviética e naufragou no Báltico em setembro de 1947.