“Apurou que o Ministro da Defesa teve conhecimento através de contacto telefónico de alguns elementos do conteúdo dos documentos deixados pelo Coronel Luis Vieira [ex-diretor da Polícia Judiciária Militar] e pelo [ex-inspetor] Major Vasco Brazão no MDN, [Ministério da Defesa Nacional] no mesmo dia, tendo-o secundarizado”, lê-se na versão final do relatório.
A versão preliminar do relatório da comissão de inquérito, entregue no final de maio, não qualificava a atitude do então ministro Azeredo Lopes face ao que conheceu do documento, referindo que teve conhecimento “a posteriori” de “alguns elementos do conteúdo”, não tendo memória “de o ter recebido em suporte digital e muito menos físico”.
Foi também retirada do relatório a ideia de que dos documentos entregues pelos dois ex-responsáveis da PJM ao ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes “era impossível extrair a existência de qualquer comportamento ilícito por parte da PJM”.
A proposta do BE defendia que Azeredo Lopes tomou conhecimento de "elementos" do relatório "tendo-o desvalorizado, revelando assim uma certa incúria ao não lhe dar a importância devida".
Este conjunto de alterações foi incluído no relatório “por ponderação das propostas do PSD e do BE” mas, na hora da votação, o CDS-PP defendeu que o texto devia ir mais longe para consagrar que Azeredo Lopes soube através do seu chefe de gabinete “do essencial” do documento que descreve o procedimento seguido pela PJM na recuperação do material e que se “desenrolou à margem do Ministério Público”.
A proposta de alteração do CDS-PP foi rejeitada com os votos contra dos deputados do PS, BE e PCP. A parte sobre as responsabilidades governativas será votada hoje ao final da tarde, bem como o relatório após as alterações finais.
Na quarta-feira, a comissão de inquérito volta a reunir-se para declarações finais.
A comissão parlamentar de inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos está a trabalhar desde novembro de 2018, estando já agendada a votação do relatório para o dia 03 de julho, no plenário da Assembleia da República, último ato do inquérito ao caso que fez cair o chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte e o ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes.
O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.
Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
O processo de recuperação do material militar levou a uma investigação judicial em que foram detidos vários responsáveis, entre eles o agora ex-diretor da PJM Luís Vieira.
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