“Não estive na decisão, na elaboração, na negociação, nas conversas com advogados, nem com a tutela, nem conhecia os termos”, começou por dizer o CFO da TAP, Gonçalo Reis, no Parlamento, mantendo o que já tinha dito a Inspeção-Geral das Finanças: “Não acho que devesse ter sido envolvido, porque a decisão é do acionista. Estando na liderança do processo [de cessação de funções da ex-administradora] a CEO e o presidente do conselho da administração, assumi que existia articulação com o acionista. A comissão executiva não demite os seus pares; é o acionista que toma decisões sobre os órgãos sociais”, acrescentou.
Na audição Parlamentar, Paulo Moniz, deputado do Partido Social Democrata (PSD), questionou o conhecimento de Gonçalo Pires sobre a saída de Alexandra Reis, com os vários momentos de comunicação entre ele e a presidente executiva, a começar em janeiro de 2022.
"Poucos dias antes, foi-me dito informalmente que tinha sido chegado a um acordo. Não foi surpresa a saída, até porque era conhecida a intenção da CEO de fazer alterações na comissão executiva“, respondeu. Precisou depois que tinha recebido mensagens da CEO sobre a proximidade do acordo com Alexandra Reis.
O administrador financeiro foi confrontado com a notícia de que a presidente executiva da TAP diz na resposta à Direção-Geral de Finanças que Gonçalo Pires sabia do processo desde o início. Pires manteve a mesma resposta: “Não sei se o processo demorou dias. Eu sabia que havia divergências, que havia intenção de mudar membros da comissão executiva, sabia dias antes que podia acontecer, mas não tive envolvimento no processo, não participei na decisão, nem na elaboração de qualquer acordo”.
O parlamentar social-democrata questionou também, repetidamente, se o administrador financeiro tinha conversado com o antigo secretário do Estado do Tesouro, Miguel Cruz, como este chegou a afirmar. Gonçalo Pires respondeu sempre da mesma forma: “Não me lembro de ter tido qualquer conversa“.
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