Mohamad Javad Zarif disse, na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, que Mike Pence “pediu com arrogância à Europa, no seu solo, que se junte aos Estados Unidos e comprometa assim a sua própria segurança”.
“As suas acusações odiosas contra o Irão, incluindo as suas alegações ignorantes de antissemitismo (…) são simultaneamente ridículas e perigosas”, disse.
O vice-presidente dos EUA pediu à Europa que abandone o acordo assinado com o Irão, apelo que repetiu por duas vezes esta semana, primeiro numa conferência em Varsóvia sobre segurança no Médio Oriente e depois em Munique.
Na sua intervenção neste último fórum sobre segurança, o chefe da diplomacia iraniana disse que a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear foi “ilegal e unilateral”, além de ter sido guiada por uma “fixação insana” e uma “obsessão patológica dos EUA com o Irão” que remonta à revolução islâmica de 1979.
Zarif acusou ainda os EUA de terem como objetivo final para o Irão e o Médio Oriente uma mudança de governo em Teerão.
Por outro lado, manifestou apreço pelo “grande esforço” da Europa para manter vivo o acordo após a saída de Washington, que impôs sanções ao Irão, e por continuar a cumpri-lo apesar das dificuldades.
Ainda assim, alertou que a Europa “não está preparada para o investimento, para pagar o preço” que implica manter-se firme na defesa do acordo.
“O Irão não pode assumir toda a fatura do acordo. A Europa tem de se molhar se quer nadar contra o unilateralismo dos EUA”, disse Zarif, avisando que “um abusador abusará mais se lhe derem atenção”.
Mike Pence pediu na quinta-feira em Varsóvia aos aliados europeus para se retirarem do acordo nuclear com o Irão, que disse estar a preparar um “novo holocausto” e ser “o maior perigo” no Médio Oriente.
No sábado, na intervenção na Conferência de Segurança de Munique, Mike Pence também afirmou que chegou o momento de a Europa se retirar do acordo nuclear iraniano e unir-se a Washington para pressionar Teerão.
No entanto, na mesma conferência em Munique, a Alemanha rejeitou o apelo: “Juntamente com os britânicos, os franceses e a União Europeia, nós encontrámos uma maneira de manter o Irão no acordo nuclear. E o nosso objetivo continua a ser que não haja mais armas nucleares, precisamente para não desestabilizar a região”, disse o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas.
Os Estados Unidos, por iniciativa do Presidente Donald Trump, abandonaram em 2018 o acordo sobre o programa nuclear do Irão, negociado pelo governo do anterior Presidente, Barack Obama, acusando Teerão de estar a tentar desenvolver armas nucleares.
Os europeus acreditam e insistem que o Irão está a respeitar este acordo que garante um levantamento das sanções económicas em troca do compromisso de Teerão de limitar-se a desenvolver uma indústria nuclear com fins estritamente civis e não para uso militar.
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