“Na sequência das indignas declarações do primeiro-ministro espanhol [Pedro Sánchez], que mais uma vez repetiu acusações sem fundamento, decidi chamar de volta a nossa embaixadora em Espanha para consultas em Jerusalém”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, numa publicação nas redes sociais.
O ministro acrescentou que Israel “está a agir, e continuará a agir, de acordo com a lei internacional, e vai continuar com a guerra até todos os reféns serem devolvidos e o Hamas ser eliminado de Gaza”.
“Apenas uma entidade é responsável pelo massacre de 07 de outubro e a atual situação na Faixa de Gaza, a organização de terror Hamas”, escreveu Eli Cohen, que acrescentou que o Hamas “está a cometer crimes de guerra e crimes contra a humanidade contra os cidadãos de Israel e contra os residentes na Faixa de Gaza”.
Antes deste anúncio, o Governo de Israel chamou também a embaixadora de Espanha em Telavive para lhe transmitir uma advertência, pela segunda vez numa semana, por causa de declarações de Pedro Sánchez.
A embaixadora Ana Sálomon Pérez foi chamada por Eli Cohen por causa de uma “vergonhosa declaração” de Sánchez “no dia em que os terroristas do Hamas estão a matar israelitas em Jerusalém”, segundo um comunicado do Governo de Telavive, citado pelos meios de comunicação social em Espanha.
Segundo o mesmo comunicado, foi o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, quem ordenou a convocatória da embaixadora.
Numa entrevista hoje à televisão pública espanhola (TVE), Pedro Sánchez disse ter “francas dúvidas” de que Israel esteja a respeitar o Direito Internacional na ofensiva militar na Faixa de Gaza com que está a responder ao ataque de 07 de outubro do grupo islamita Hamas, que controla este território palestiniano.
Na operação militar de Israel já morreram cerca de 15 mil pessoas em Gaza e Telavive mantém cercado este território, condicionando a entrada de ajuda humanitária e abastecimento.
“Com as imagens que estamos a ver e o número crescente, sobretudo de meninos e meninas, que estão a morrer, tenho francas dúvidas de que [Israel] esteja a respeitar o Direito Internacional humanitário”, disse Sánchez, que considerou que “não é aceitável” o que está a acontecer em Gaza.
O primeiro-ministro espanhol disse que a relação de Espanha com Israel é “correta” e que “os países amigos também têm de dizer as coisas que são verdade”.
Na semana passada, o Governo de Israel chamou os embaixadores de Espanha e Bélgica para se queixar de declarações que considerou serem de “apoio ao terrorismo” dos respetivos primeiros-ministros.
Pedro Sánchez e Alexander de Croo, líderes dos Governos dos países que têm a atual e a próxima presidência semestral do Conselho da União Europeia (UE), fizeram na semana passada uma deslocação, em conjunto, ao Médio Oriente.
Numa conferência de imprensa no Egito, na fronteira com Gaza, Sánchez e de Croo condenaram o ataque do Hamas a Israel e pediram a libertação dos reféns israelitas por parte do grupo islamita, mas criticaram Telavive pelo desrespeito pelo Direito Internacional e a morte de “demasiados civis” palestinianos.
“Penso firmemente que temos de fazer um apelo a Israel para que cumpra com as suas obrigações em matéria de Direito Internacional”, disse Pedro Sánchez, que usou expressões como “matança indiscriminada de civis inocentes” em Gaza ou “resposta não justa” por parte de Israel ao ataque terrorista do Hamas de 7 de outubro.
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