“Na plataforma https://olive4all-platform.eu/, temos todos os pontos [já referenciados] de interesse nacional relacionados com o património olivícola. Temos aqui 300 referências, de norte a sul do país”, afirmou à agência Lusa o coordenador nacional do projeto ‘Olive4All’, Francisco Dias, que prevê que o número aumente exponencialmente.

Este projeto é também liderado pela Universidade de Avignon (França) e pela Universidade de Salónica (Grécia). Em Portugal, junta ainda investigadores de várias áreas, dos politécnicos de Bragança, Porto, Tomar e Beja, e das universidades da Madeira e de Coimbra.

A plataforma, em permanente atualização, apresenta, entre outros elementos, moinhos, museus, árvores notáveis, associações ou produtores dos três países.

Neste inventário participativo do património olivícola e, especificamente, no caso de Portugal, a região com maior número de referências é o Alentejo.

Iniciado em 2021 e fim previsto para maio de 2025, ‘Olive4All’ tem como objetivos salvaguardar e promover o património olivícola e oleícola, e sensibilizar as comunidades rurais e urbanas para a sua importância, com ações para destacar os seus benefícios para a sociedade contemporânea, divulgou o Politécnico de Leiria, cujo CiTUR - Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo lidera o projeto.

Francisco Dias, também professor na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, em Peniche, do Politécnico de Leiria, referiu que a plataforma é apenas um dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do ‘Olive4All’.

Além da inventariação do património olivícola, foi criada a Rede Nacional de Eventos Comemorativos do Dia Mundial da Oliveira, que assinalou a data no dia 26 de novembro com 113 atividades, em 32 concelhos portugueses, com o envolvimento de 80 organizações, entre municípios, olivicultores, museus, institutos politécnicos e associações culturais.

A criação de uma exposição permanente com produtos do património olivícola nacional num museu francês, a publicação de artigos científicos, a produção de dois documentários e um “mapa digital” com histórias de vida, “para reter o que há de relevante e específico em cada região ao nível das pessoas que ainda hoje são transmissoras do património”, são outras das iniciativas desenvolvidas, explicou Francisco Dias.

Outras atividades, como a elaboração, em curso, de um manual de capacitação dos atores locais para conseguirem promover o seu património olivícola na criação do produto ‘Olivoturismo’, e estudos etnográficos e sobre as qualidades organolépticas do azeite, constam do projeto.

Francisco Dias declarou-se surpreendido com a riqueza do património olivícola com que o projeto se deparou, destacando a capacidade de empreendedores locais, que mantêm núcleos museológicos e que não querem ver o seu património desaparecer.

“Há pelo menos uma dezena de núcleos museológicos e alguns museus em Portugal que são investimento colossal de privados apenas com o amor ao património que não querem ver desaparecer”, declarou.

Por outro lado, realçou a versatilidade do azeite, que “dá para tudo”, da cosmética à saúde ou gastronomia, para lembrar que a Dieta Mediterrânica, Património Cultural Imaterial da Humanidade, “tem o azeite como elemento central”, além do simbolismo da oliveira para as três religiões.

“Estamos a falar de um património que nos define enquanto civilização”, realçou, lamentando, contudo, a existência de uma grande iliteracia em matéria de consumo de azeite, o que classificou como “preocupante, porque quanto mais o consumidor come gato por lebre, menor a qualidade, menor a pressão para a qualidade”.

O coordenador nacional do projeto assinalou ainda que a maior parte dos ‘chefs’ “sabe muito de vinho e sabe pouco de azeite”, recomendando às escolas “onde a gastronomia é tema” para que dediquem “muito mais atenção a esta área”.