“No período 2013-2022, o aquecimento causado pela humanidade aumentou para um nível sem precedentes de mais de 0,2°C por década”, lê-se num artigo publicado na revista científica Earth System Science Data.

O artigo é assinado por cerca de 50 investigadores e baseado nos métodos do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC), ligado à ONU.

O objetivo do estudo é fornecer indicadores atualizados do relatório do IPCC de 2021 e fornecer dados abertos atualizados todos os anos, para alimentar as negociações da COP e o debate político, já que a década atual é vista como decisiva para salvar a meta do acordo de Paris de 2015.

“É uma dura realidade que mostra a urgência de reduzir as emissões globais de CO2 e metano para ajudar a limitar o aquecimento global e o consequente aumento do risco”, disse aos jornalistas a paleoclimatologista francesa Valérie Masson-Delmotte, que participou do estudo.

Representantes de todos os países estão em Bona para preparar a COP28, a grande conferência do clima da ONU marcada para o final do ano no Dubai.

Entre outros temas, a discussão sobre a utilização de combustíveis fósseis deverá marcar a conferência.

Os dados divulgados hoje surgem a meio de um ano decisivo para a política climática, estando prevista para setembro a publicação da primeira “avaliação global” dos compromissos dos vários Estados na implementação do acordo de Paris, que pretende limitar o aquecimento abaixo de 2°C e, se possível, 1,5°C, em comparação com o período pré-industrial.

No entanto, o aquecimento provocado pelas atividades humanas, essencialmente com a utilização de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás), já atingiu 1,14°C no período 2013-2022 e 1,26°C em 2022, de acordo com os cálculos do estudo.

Os cientistas alertam que a humanidade está a enfrentar uma década “crítica” e que o limite de 1,5°C pode ser alcançado ou superado nos próximos 10 anos.