A confirmação foi feita hoje pelo ministro de Estado angolano Pedro Sebastião, numa conferência de imprensa na presença de familiares de Jonas Savimbi, de representantes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e das quatro instituições que procederam aos testes, incluindo uma de Portugal.
Segundo Pedro Sebastião, o executivo angolano vai entregar os restos mortais de Jonas Savimbi a 28 deste mês no Bié, assumindo toda a logística para que possam ser realizadas as exéquias fúnebres no dia seguinte, em Lopitanga.
A UNITA, através do seu presidente, Isaías Samakuva, vai fazer uma conferência de imprensa ainda hoje para dar a sua visão face à divulgação dos resultados dos testes de ADN, que, segundo disse à agência Lusa Francisco Corte Real, do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses de Portugal, têm uma correspondência de 99,99%.
"Todos os relatórios coincidem", sublinhou o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, aludindo aos resultados apresentados pela entidade portuguesa e por congéneres de Angola, através do Laboratório de Genética da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, e da Argentina, via Instituto de Medicina Legal local.
Rafael Massanga Savimbi, deputado da UNITA e filho de Jonas Savimbi, presente na conferência de imprensa, confirmou, no final, aos jornalistas também que os testes efetuados pela África do Sul são coincidentes com os restantes três.
Para Pedro Sebastião, a realização de quatro testes de ADN, a pedidos das diferentes partes, representa a "transparência" que o Governo angolano demonstrou desde o início do processo quando, em meados de 2018, o líder da UNITA lhe apresentou a solicitação para exumar os restos mortais de Jonas Savimbi.
Questionado pela agência Lusa, Pedro Sebastião reiterou que o programa apresentado a 14 deste mês pelo Governo se mantém, embora tenha indicado que a cerimónia de entrega decorrerá na província do Bié.
No comunicado de 14 deste mês, o Governo indicou que os restos mortais de Savimbi seriam entregues oficialmente na cidade do Luena, na província do Moxico, manifestando disponibilidade para apoiar a realização das exéquias fúnebres a 29 de maio, salientando constituir uma "data indicativa".
Pedro Sebastião coordena a Comissão Multissetorial para o Processo de Exumação, Transladação e Inumação dos Restos Mortais do Dr. Jonas Savimbi, criada a 15 de agosto de 2018, num despacho presidencial, em que o chefe de Estado angolano, João Lourenço, determinou que era integrada por membros do Governo, representantes da família de Savimbi e da UNITA.
A cerimónia das exéquias fúnebres de Jonas Savimbi foi marcada inicialmente para 06 de abril, mas, devido a atrasos nos resultados das análises de ADN, foram adiadas até se registarem novos desenvolvimentos.
A cerimónia de exumação e recolha de amostras dos restos mortais do líder fundador da UNITA, morto em combate a 22 de fevereiro de 2002, realizou-se a 31 de janeiro, no Luena, província do Moxico, onde estava sepultado desde a sua morte, à guarda das autoridades angolanas.
No início desse mês, o Governo de Luanda garantiu estarem criadas as condições para a exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi, mas avisou que o funeral não terá honras de Estado, uma vez que o antigo presidente da UNITA "não pertencia à família governamental quando faleceu".
O posicionamento do Governo, segundo Rafael Massanga Savimbi disse à Lusa na altura, não preocupa "a família e muito menos a direção do partido", porque, observou, o pai "não é reconhecido por decretos".
"Para figuras marcantes como ele, o mais importante é o reconhecimento do povo em geral, sobretudo pela sua contribuição", realçou.
As cerimónias fúnebres de Jonas Savimbi, 17 anos após a sua morte, estão previstas para Lopitanga, província angolana do Bié, onde o resto da família está sepultada.
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