“A partir de hoje não há nada em falta [aos trabalhadores]. Infelizmente continuam as dívidas, um fardo do passado. Continuam a aparecer faturas de luz, água, gás e outras em atraso. Mas os fornecedores têm tido compreensão e mostram muita solidariedade”, referiu Nuno Coelho do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares.
O dirigente sindical aproveitou para fazer um apelo ao Governo: “As dívidas principais são à Autoridade Tributária e à Segurança Social. Era importante que o Estado interferisse no processo, não apenas como mediador, mas como parte ativa”, disse.
Já em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares defende que é ao Governo “quem compete defender os interesses do Estado”, lembrando que este é “o principal credor” da Cervejaria Galiza, estabelecimento que há várias semanas está a ser gerido pelos trabalhadores que entraram em conflito com a gerência do espaço.
“Nada tem feito para assegurar um processo claro, transparente, legal e justo. [O Governo] deixa os trabalhadores abandonados à sua sorte, ao não tomar posição, ao não tomar a iniciativa, ao não intervir no processo”, lê-se na nota do sindicato.
O conflito dos trabalhadores da cervejaria Galiza com a gerência teve início depois de atrasos no pagamento do subsídio de Natal de 2018, bem como uma parte do salário de outubro, pagamentos que, entretanto, já foram assegurados.
Trinta e um trabalhadores da cervejaria estão desde o início de novembro a gerir o espaço, mantendo-o a funcionar, depois de uma tentativa frustrada da empresa de fechar o estabelecimento.
Para o dia 25 de novembro estava agendada uma reunião dos trabalhadores com representantes do Ministério do Trabalho - Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), bem como a gerência da cervejaria Galiza e o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares, mas a pedido dos proprietários da empresa o encontro foi adiado.
Hoje, uma nota do sindicato indica que vai realizar-se no dia 17 de janeiro uma reunião no Ministério do Trabalho.
“Mas os trabalhadores e o sindicato receiam que até lá não haja uma solução justa e definitiva que permita a viabilização da empresa e a garantia dos postos de trabalho”, acrescenta o comunicado, enquanto, à lusa, Nuno Coelho referiu que a reunião servirá para “continuar as negociações” porque, frisou, “falta algo concreto, uma solução definitiva para este caso”.
O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares refere que “os trabalhadores continuam apreensivos quanto ao futuro da empresa, face ao arrastamento do processo e à falta de informação”.
O sindicato conta, ainda, que “com a receita obtida [ao longo da gestão dos funcionários] para além de pagarem todos os produtos necessários ao bom funcionamento do restaurante a pronto, os trabalhadores receberem na nova gestão cinco salários [subsídio de Natal de 2018, subsídio de Natal de 2019 e meses de outubro, novembro e dezembro] e libertaram dinheiro para pagar impostos e outras despesas”.
A Cervejaria Galiza está, desde há quatro anos, em dificuldades, com dívidas aos funcionários, ao fisco e à Segurança Social que ascendem aos dois milhões de euros.
A tentativa de resolver o problema passou pelo recurso a um Processo Especial de Revitalização (PER), aceite pelo Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia, e pela chegada de um gestor.
Os 31 trabalhadores mantêm-se, desde o dia 11 de novembro, de dia e de noite de forma alternada nas instalações, depois de se terem apercebido, nesse dia, da tentativa da retirada do equipamento pela proprietária da cervejaria.
Fundada a 29 de julho de 1972, a cervejaria detida pela empresa Atividades Hoteleiras da Galiza Portuense é uma das referências do Porto no setor da restauração.
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