No Terminal Rodoviário de Torres Vedras, no distrito de Lisboa, de onde parte todos os dias o maior número de utentes da região para a capital, Gonçalo Vasconcelos diz à Lusa que “grande parte” dos veículos cumprem os dois terços da lotação fixada pela Direção-Geral da Saúde, mas conta que “houve casos em que os autocarros estavam completamente cheios”.
Apesar de reconhecer que a frequência de autocarros às horas de ponta é de 10 minutos, defende que deveria haver “mais autocarros, porque já não há tanta gente em teletrabalho e já há mais gente a ir para Lisboa”.
A opinião é partilhada por Maria Luís, estudante universitária.
“Se for mais cedo, há muito mais pessoas e não dá para respeitar tanto a distância, porque deveria haver lugares vazios entre as pessoas. Nas horas em que vai mais gente os autocarros estão sempre mais cheios e chegamos a ir ao lado de pessoas que não conhecemos e há sempre um risco”, explica.
Já para Orlando Santos, o serviço “tem estado a funcionar normalmente, cumprem a lotação dos dois terços e os horários são frequentes”.
“Nas horas de ponta, saem sempre de 10 em 10 minutos ou, no máximo, de 15 em 15″, acrescenta.
Ana Rosado também não tem queixas, justificando que, “quando os autocarros estão no limite, os motoristas avisam e vem sempre logo outra carreira a seguir”.
Em toda a região Oeste, a rede de transportes públicos, suspensa devido ao confinamento provocado pela pandemia, foi reposta a 75%, de acordo com a Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM).
“Estamos a repor a oferta todos os dias, mas temos um problema de sustentabilidade económica. Queremos repor a 100% e superá-los, porque é natural que, no contexto pandémico, reforcemos, mas precisamos de mais financiamento”, alerta Paulo Simões, primeiro secretário da OesteCIM, em declarações à agência Lusa.
“Recebemos 300 mil euros para fazer face ao contexto pandémico, quando todos os dias do Oeste saem cinco mil pessoas, o que quer dizer que são completamente insuficientes”, explica o responsável, alertando os governantes para as especificidades da região, que, enquanto periferia da Área Metropolitana de Lisboa, tem elevados movimentos pendulares para a capital.
A OesteCIM, a autoridade de transportes na região, estima só para o atual semestre uma verba superior a quatro milhões de euros para compensar os operadores no sentido de reporem a oferta e reforçarem-na, para cumprir a lotação de dois terços dos autocarros e responder às necessidades da população.
Para reforçar a verba dos 300 mil euros do Orçamento Suplementar, aponta, “são precisos à volta dos dois milhões de euros do Estado central”.
Caso contrário, os 12 municípios vão ter não só “muitas dificuldades em repor a rede com a maior brevidade possível”, como também “uma asfixia financeira nos seus orçamentos”.
“Os autarcas estão convictos de que o mais importante é servir as populações e vão fazê-lo, mas há outras áreas que vão ficar descobertas, como a educação, que em contexto pandémico não podem ficar descobertas”, alerta.
A região Oeste é composta pelos concelhos de Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos, Peniche, do distrito de Leiria, e por Alenquer, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Lourinhã, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, do distrito de Lisboa.
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