Neste trabalho estão investigadores da Universidade de Pittsburgh e do Centro de Investigação de Vacinas dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, noticiou na quinta-feira a agência Efe.

O anticorpo amplamente neutralizante, que reconhece uma região relativamente estável do vírus da gripe aviária, tem menos probabilidades de perder a sua eficácia do que os anticorpos dirigidos contra as estruturas da gripe mais propensas a mutações.

Esta característica garante que a proteção imunitária pode suportar o possível surgimento de variantes do vírus, semelhantes aos mutantes do SARS-CoV-2 que evoluíram durante a pandemia da covid-19, e proporcionar uma proteção duradoura contra uma infeção que se espalha globalmente, referiu, em comunicado, a Universidade de Pittsburgh.

"Este tipo de prevenção pode ser muito útil para controlar os surtos e conter a pandemia de gripe aviária", realçou Douglas Reed, professor associado de imunologia na Escola de Medicina e no Centro de Investigação de Vacinas de Pittsburgh.

Segundo o investigador, nos testes, o anticorpo "funcionou maravilhosamente" e pode ser útil como profilático contra doenças graves em populações vulneráveis.

Embora até janeiro de 2025, apenas um caso de infeção por H5N1 resultando em morte tenha sido reportado nos EUA, a Organização Mundial de Saúde reportou mais de 950 casos em todo o mundo desde 1997, mais de metade deles mortais, referiu a universidade.

Além de se espalhar entre o gado, o vírus H5N1 espalhou-se de aves selvagens para mamíferos em todo o mundo, incluindo leões-marinhos na América do Sul e visons na Europa.

A análise genética de duas amostras humanas da América do Norte sugere que o vírus está a adaptar-se e a melhorar para causar doenças e espalhar-se entre mamíferos, alertaram os investigadores.

Por isso, existe preocupação sobre a potencial propagação da gripe aviária de animais para humanos, e os cientistas têm desenvolvido e testado intervenções profiláticas — vacinas e anticorpos protetores — em modelos animais muito semelhantes aos humanos — como neste trabalho.

De acordo com o novo estudo, os macacos pré-tratados com uma dose moderada de um anticorpo amplamente neutralizante (MEDI8852) estavam universalmente protegidos contra doenças graves e morte.

Para além de confirmar a eficácia do anticorpo na prevenção de efeitos adversos graves para a saúde, os cientistas conseguiram também estabelecer a sua concentração sérica mínima necessária para a proteção, uma medida útil para estabelecer o limite de proteção de uma potencial vacina universal contra a gripe.

Os níveis séricos de MEDI8852 suficientes para proteção permaneceram estáveis durante 8 a 12 semanas, sugerindo que, se administrado precocemente, poderia proteger profissionais de saúde e outras pessoas que cuidam de doentes no início de um surto de H5N1.