“Na verdade, ao longo da minha vida, os meus dois grandes ativos têm sido a estabilidade mental e ser, tipo, mesmo esperto”, disse Trump, numa mensagem publicada na rede social Twitter.
O Presidente acrescentou que passou de “um empresário muito bem-sucedido para estrela de T.V. de topo [e] para Presidente dos Estados Unidos”, na sua “primeira tentativa”.
“Acho que isto me qualifica não como esperto, mas como génio… e um génio muito estável”, considerou, voltando a criticar a sua adversária nas eleições norte-americanas: “A desonesta Hillary Clinton também usou esse argumento com muita força e, como toda a gente sabe, saiu queimada”.
Trump mostra assim a sua indicação perante rumores lançados pela publicação, esta sexta-feira, do livro do jornalista Michael Wolff “Fire and Fury: Inside the Trump White House” (“Fogo e Fúria: Dentro da Casa Branca de Trump”), que fez manchetes e alcançou o topo da lista de vendas da Amazon no dia em que foi publicado, relançando o debate sobre a instabilidade da personalidade do dirigente da principal potência mundial.
Através de muitos testemunhos, na maioria anónimos e classificados pelo Presidente como fantasiosos, o autor do livro descreve um executivo disfuncional e um chefe de Estado alérgico à leitura, muitas vezes fechado nos seus aposentos a partir das 18:30, com os olhos cravados nos seus três ecrãs de televisão, multiplicando os telefonemas para um pequeno grupo de amigos, sobre quem verte “um dilúvio de recriminações” que vão desde a desonestidade da imprensa à falta de lealdade da sua equipa.
Todo o seu gabinete, segundo o autor, se interroga sobre a sua capacidade para governar.
“Dizem que ele é como uma criança. O que querem dizer é que ele precisa de ver imediatamente satisfeitos os seus pedidos. Tudo gira em torno dele”, afirmou Michael Wolff.
No Congresso, a questão do estado psicológico de Trump é cada vez menos um tabu: mais de uma dezena de representantes democratas (e um republicano) consultou em dezembro uma psiquiatra da Universidade de Yale que se interroga publicamente sobre a degradação mental do chefe de Estado.
A especialista, Bandy X. Lee, considerou que Trump “vai perder o controlo” e que já se está a ver os sinais.
“Risível”, reagiu a porta-voz da Casa Branca.
O chefe de Estado norte-americano deu mais razões a quem o acusa de padecer de um transtorno narcisista esta semana, quando afirmou que, tal como o líder norte-coreano, Kim Jong-un, ele também tem acesso a um “botão nuclear”, mas sublinhou que o seu “é muito maior e mais poderoso”.
Esta ameaça de um ataque nuclear, somada às revelações do livro e à reunião do Congresso, reavivou as especulações sobre a possibilidade de Trump ser afastado do poder mediante a ativação da 25.ª emenda da Constituição norte-americana, que estabelece que é possível afastar um chefe de Estado do poder se ele for considerado “incapaz de se ocupar dos deveres do cargo”.
No entanto, especialistas consultados pela agência noticiosa espanhola, Efe, concordam que é “altamente improvável” que essa emenda possa ser aplicada — para tal, seria necessário uma declaração de incapacidade do Presidente por muitos membros do seu gabinete e pelo próprio vice-presidente, além do voto de dois terços do Congresso.
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