Em Ban Ta Klang, na zona leste do país, a maioria dos paquidermes que acabam nestes "centros de resgate" são treinados, ou melhor, sujeitados a domadores, que os forçam a interagir com os visitantes.
Com apenas dois anos, as crias de elefante são separadas das suas mães, embora ainda dependam delas. São amarradas, às vezes privadas de comida e frequentemente agredidas com paus ou um gancho de metal para que obedeçam às ordens dos treinadores
"Nós não os criamos para magoá-los... Se eles não forem teimosos, não lhes fazemos nada", assegura o treinador Charin à AFP, pedindo a um jovem elefante que fique em pé.
Charin treina os paquidermes por 350 dólares (aproximadamente 314 euros) por mês, ensinando-os a pintar, jogar futebol, tocar música, ou o que seja que os proprietários pedirem. "Eu sempre morei com eles. Fazem parte da nossa família", diz o domador, que seguiu a profissão do avô e do pai.
A Tailândia tem quase 4.000 espécimes em cativeiro e o seu número aumentou 30% em 30 anos. Reintroduzi-los no seu habitat natural não é possível devido à falta de espaço e pode desencadear conflitos com as pessoas, diz a autoridade de turismo tailandesa.
Os especialistas acreditam que o setor tem de ser organizado, pois carece de regulamentação, mas as autoridades não parecem ter pressa em colocar ordem neste negócio lucrativo. Uma vez treinados, os animais podem ser vendidos por valores até 80 mil dólares (71726 euros).
Um relatório de associações para a defesa dos direitos dos animais defendeu um controlo mais rigoroso dos elefantes em cativeiro no ano passado, já que desde a proibição da exploração na indústria florestal, há 30 anos, elefantes e domadores desempregados passaram ser parte integrante do turismo de massas.
Uma vez "domesticado", o animal é considerado um simples bem, segundo a lei tailandesa, ao contrário dos elefantes selvagens, que estão protegidos. Os destinos destes paquidermes amestrados passam, por exemplo, pelos parques de diversões, como o Mae Taeng, localizado perto de Chiang Mai, no norte da Tailândia, e que recebe até cinco mil visitantes por dia.
Com uma perna no ar e um pincel na tromba, Suda faz cinco pinturas sob os aplausos dos visitantes que pagaram 50 dólares (aproximadamente 45 euros) de entrada. As suas telas, que parecem estampas japonesas, são vendidas por valores até 150 dólares (aproximadamente 145 euros). Depois, chega o momento mais esperado: o passeio nas costas de um elefante.
Muitos abrigos e santuários já não oferecem estes passeios, boicotados cada vez mais por turistas ocidentais. Mas a maioria oferece uma atividade igualmente controversa: tomar banho com o animal.
"É fortemente desencorajado porque é stressante, especialmente quando é preciso interagir com jovens muito excitados, que podem causar ferimentos aos turistas", diz Jan Schmidt-Burbach, da World Animal Protection.
O objetivo é colocar o visitante o mais próximo possível do paquiderme para o alimentar, escovar e cuidar dele. Depois de acabar a experiência, o turista não vê o lado sombrio da brincadeira: em alguns "abrigos", os elefantes ficam acorrentados por horas, forçados a dormir no chão de cimento e são mal alimentados.
Dos 220 parques de elefantes registados no país, a maioria promete um turismo mais ético e com "condições de vida satisfatórias", segundo a World Animal Protection. É o caso do ChangChill, uma pequena estrutura em torno de Chiang Mai, no meio de arrozais.
No espaço de meses, houve uma revolução no seu modelo de operação para garantir o bem-estar animal ideal. Neste santuário, só se pode observar os animais respeitando uma distância de 15 metros."Não somos obrigados a fazer o que não aprovamos instintivamente", explica o diretor Supakorn Thanaseth.
Segundo o responsável, os perigos de acidentes devem ao stress do animal. ChangChill espera ser lucrativo na temporada alta, mas só pode receber até 40 turistas diários e exibir seis elefantes sozinhos.
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