“O relatório da Comissão Eventual não confirma nenhuma das graves e infundadas suspeitas lançadas no fim de abril de 2022 sobre a atuação da Câmara Municipal no processo de acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal”, afirma André Martins (CDU), que reagiu à divulgação do relatório através de um comunicado na sua página oficial na rede social Facebook.
O relatório, acrescenta o autarca setubalense, “comprova, por outro lado, em alguns dos depoimentos que foram prestados à comissão por responsáveis de entidades da administração central, que existia uma relação de colaboração destas entidades com a Associação dos Imigrantes dos Países de Leste (EDINSTVO) e com os seus dirigentes no que diz respeito ao acolhimento e integração de cidadãos de vários países de leste, em particular de ucranianos”.
O documento, elaborado pela denominada Comissão Eventual de Fiscalização da Conduta da Câmara e dos Serviços Municipais no Acolhimento de Refugiados Ucranianos em Setúbal (CEFCCSMARUS), admite que a associação EDINTSVO teve uma colaboração com o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), “resumida a uma colaboração de tradução de uma sessão de formação”, mas salienta que essa colaboração terminou após a polémica na comunicação social sobre o acolhimento de refugiados ucranianos na autarquia sadina.
O relatório elaborado pela comissão constituída pela Assembleia Municipal de Setúbal destaca também que a maioria das entidades ouvidas consideraram ter havido “falta de sensibilidade” do município sadino, por ter permitido a receção de refugiados ucranianos por cidadãos russos, ou seja, por cidadãos oriundos do país que iniciou a guerra com a invasão da Ucrânia.
No documento pode ainda ler-se que a Câmara Municipal sadina “percebeu tardiamente tal facto, provocando uma degradação da imagem de Setúbal”, considerando que também “não é claro o papel que representava a associação EDINSTVO, em particular o seu representante, Igor Kashin, no âmbito do processo de acolhimento dos refugiados ucranianos”.
O presidente da Câmara de Setúbal afirma, no entanto, que o relatório, “perante a mais do que evidente falta de indícios de má conduta municipal neste caso, limita-se a apontar uma suposta “falta de sensibilidade”, que considera ser uma “conclusão puramente subjetiva e apenas sustentada em convicções pessoais dos autores do documento”.
Para André Martins, “saem completamente frustradas as intenções daqueles que acusaram a Câmara Municipal de Setúbal e o seu executivo de intenções malévolas no acolhimento de refugiados”.
O autarca setubalense recorda ainda que pediu esclarecimentos ao Governo sobre alegadas suspeitas levantadas pela embaixadora da Ucrânia sobre associações de imigrantes que estavam a ajudar na receção aos refugiados da guerra na Ucrânia, mas não obteve resposta.
Por outro lado, André Martins lembra que ele próprio solicitou que o Governo investigasse todos os procedimentos do município no que respeita ao acolhimento de refugiados ucranianos.
O semanário Expresso noticiou, em 29 de abril do ano passado, que cerca de 160 refugiados ucranianos foram recebidos na Câmara de Setúbal por dois cidadãos russos, Igor Khashin, membro da EDINSTVO e antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e pela mulher, Yulia Kashina, funcionária do município.
De acordo com o jornal, Igor Khashin e Yulia Kashina, que terão fotocopiado documentos pessoais dos refugiados da guerra iniciada em 24 de fevereiro do ano passado com a invasão militar russa da Ucrânia, eram simpatizantes do regime de Vladimir Putin.
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